Morreu Sergio Marchionne, o homem que transformou a Fiat
Fumava muitos cigarros Moratti e bebia uma dúzia de bicas curtas por dia. Gostava de acelerar Ferraris - tanto que acabou por destruir um, que valia mais do que 350 mil euros, numa auto-estrada na Suiça, em 2007. Mas a sua melhor marca talvez seja a de ter multiplicado por 10 o valor da velhinha Fiat.
Quando chegou, em junho de 2004, ao seu escritório, no quarto andar do edifício sede da empresa automóvel, em Turim, Itália, Sergio Marchionne tinha à sua espera uma tarefa difícil. Era o quinto CEO escolhido pela família Agnelli em menos de dois anos. A Fiat tinha prejuízos de seis mil milhões, em 2003. Dois anos depois já tinha lucros. Em 2014, A Fiat comprava a norte-americana Chrysler, em falência, e estabelecia uma aliança com a General Motors.
Esta é a história do êxito. Por outro lado, Marchionne era também um feroz e competitivo gestor. Milhares de trabalhadores foram despedidos. Alguns gestores também. Queria acelerar, também, a produção. Um carro novo deveria ficar pronto em 18 meses, e não nos quatro anos que demorava habitualmente.
Por isso, talvez, o seu escritório tivesse a decora-lo dois quadros. Um, a preto e branco, com a palavra "competição". Outro com uma reprodução de Picasso e uma frase estampada por cima: "Qualquer ato de criação é, em primeiro lugar, um ato de destruição."
Nascido em Chieti, perto do Adriático, Marchionne emigrou com a família para o Canadá, quando tinha 14 anos. Vestia-se, habitualmente, com uma camisola preta e calças de ganga. Tinha vários Ferraris. "Quando estamos zangados não há nada melhor", explicava, do que conduzir um daqueles carros.
Marchionne planeara sair da Fiat em 2019, mas o seu estado de saúde piorara nos últimos tempos, após uma cirurgia ao ombro.
No passado dia 21 foi substituído por Mike Manley.