Morreu o ex-ditador argentino Jorge Videla
Detido numa prisão perto de Buenos Aires, o antigo general morreu num hospital da capital argentina onde dera entrada nas urgências.
Foi sob as ordens do general Jorge Rafael Videla que a repressão atingiu o ponto mais alto durante a Guerra Suja na Argentina, com cerca de 30 mil pessoas desaparecidas e cujo destino as Mães da Praça de Maio todas as quintas-feiras exigem sabem diante do Palácio Presidencial de Buenos Aires.
Em 1985, acusado de crimes contra a humanidade, o líder do golpe militar de 1976 é condenado a prisão perpétua, acusado pessoalmente de 66 homicídios, centenas de sequestros e casos de tortura.
Em dezembro de 1990, beneficia da amnistia decretada pelo presidente Carlos Menem. Mas em 1998, volta a ser detido pelo sequestro sistemático de recém-nascidos filhos de mães consideradas "subversivas" e detidas. As crianças eram depois adotadas por famílias próximas do regime.
A justiça acusa-o ainda de participação da Operação Condor, plano concertado pelos regimes militares sul-americanos para eliminar os opositores durante os anos 1979-80.
A 10 de outubro de 2008 volta à prisão, depois de estar a cumprir pena em casa devido à idade avançada. Em 2010 volta a ser condenado por crimes contra a humanidade. E a 5 de julho de 2012, é condenado a 50 anos de prisão por roubo de bebés durante a ditadura.
Nascido em 1925 perto de Buenos Aires, Videla cresceu numa família de militares e ele próprio estudou no Colégio Militar. Depois de uma carreira clássica na infantaria, é nomeado chefe do Estado Maior do Exército em 1975.
A 24 de março de 1976, dirige com o almirante Emilio Massera e o brigadeiro Orlando Agosti o golpe que leva a junta militar ao poder, sem um único disparo. A 26 de março é nomeado Presidente da República.
De 1976 a 1978, a repressão atinge sindicalistas, guerrilheiros, políticos, religiosos, jornalistas e estudantes. Milhares de pessoas desaparecem depois de terem sido sequestrados - 30 mil segundo as ONG.
Sem revelar qualquer remorso diante dos juízes, Videla chega mesmo a exigir uma indemnização por danos morais, sempre negada pelo Estado argentino.
Em maio de 1978, o general Videla é reconduzido na chefia do Estado até finais de março de 1981, quando é substituído pelo general Roberto Viola.
A política económica ultra-liberal da junta revela-se desastrosa para vários sectores industriais e responsável por uma inflação que rondava os 100%.