Morreu o compositor japonês Ryuichi Sakamoto

Morte foi confirmada este domingo em comunicado pela agência que o representava. Sakamoto tinha 71 anos e sofria de cancro.
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O compositor e músico japonês Ryuichi Sakamoto morreu aos 71 anos após uma batalha contra o cancro. A notícia foi avançada este domingo num comunicado citado pela AFP pela agência que o representava.

O pianista terá morrido a 28 de março e sido sepultado numa cerimónia em que esteve presente apenas a família, tal como o próprio tinha pedido.

Ryuichi Sakamoto nasceu no Japão em 1952 e cresceu imerso nas artes porque o seu pai era editor literário de alguns dos maiores nomes da literatura japonesa, incluindo o prémio Nobel Kenzaburo Oe. Na faculdade estudou etnomusicologia e composição musical.

Sakamoto alcançou a fama na década de 1970 quando criou, em 1978 e em conjunto com Haruomi Hosono e Yukihiro Takahashi, o grupo Yellow Magic Orchestra. As inovações de Sakamoto ajudaram a lançar as bases para o synth-pop, música house e hip-hop.

O compositor é mais conhecido pelas bandas sonoras de filmes, incluindo o drama da Segunda Guerra Mundial, Feliz Natal, Mr. Lawrence, em que também contracenou com David Bowie como comandante de um campo de prisioneiros de guerra.

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A música Forbidden Colours, do filme de 1983, tornou-se um sucesso global para Sakamoto que também colaborou com Thomas Dolby e a lenda do punk Iggy Pop nos anos 80.

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Em 1987, Ryuichi Sakamoto ganhou o Óscar de melhor banda sonora com a obra composta para o filme O último Imperador, realizado por Bernardo Bertolucci, que conta a história do último imperador da China, Puyi.

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Morou em Nova Iorque durante várias décadas mas a sua carreira fez dele uma grande estrela no Japão, o seu país natal, onde era conhecido pela sua campanha antinuclear.

Sakamoto sobreviveu em 2014 a um cancro da garganta que não o impediu de continuar a ser aclamado pelo seu trabalho. Em 2015, produziu a banda sonora do filme The Revenant: O Renascido, de Alejandro Gonzalez Iñárritu. No início de 2021, o músico anunciou que estava em tratamento para o cancro.

Acumulou colaborações com artistas de vanguarda, mas também com estrelas de todo o mundo, como a cantora cabo-verdiana Cesária Évora e o brasileiro Caetano Veloso, bem como a estrela senegalesa Youssou N'dour.

"Quero ser um cidadão do mundo", disse Sakamoto nos anos 90. "Parece muito hippie mas gosto disso".

Sakamoto também foi ativista ambiental e tornou-se proeminente no movimento antinuclear no Japão após o acidente de Fukushima em 2011.

Participou em muitos comícios e, em 2012, organizou um concerto contra a energia nuclear perto de Tóquio, tendo levado os Kraftwerk cujo nome significa "central elétrica" em alemão. Também fundou uma organização de conservação chamada More Trees, que trabalha para promover a silvicultura sustentável no Japão, nas Filipinas e na Indonésia.

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