Morreu o cantor francês Georges Moustaki

Autor do célebre 'Le Métèque', e de canções que seriam imortalizadas nas vozes de Edith Piaf, Barbara, Yves Montand ou Serge Reggiani, foi um dos nomes maiores da canção francesa.
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As marcas de multiculturalidade que viviam não só entre os seus genes, mas também entre os espaços onde nasceu e cresceu, escutam-se em 'La Métèque', canção que dava título a um álbum de 1969 que tornou globalmente reconhecida a voz e o talento de Georges Moustaki. A canção ficaria registada entre os mais perenes dos ecos da vivência do clima de rebelião e de fulgor de novas ideias que habitara o maio de 68, movimento com o qual se identificou e pelo qual também lutou. Um dos grandes da sua geração, este autor e intérprete foi um dos nomes maiores da canção francesa, juntando a uma obra gravada em nome próprio um conjunto de composições que entregou a outras grandes vozes, entre as quais as de Edith Piaf, Barbara, Yves Montand, Serge Reggiani ou Brigitte Fontaine. Com 79 anos de idade, o músico morreu esta noite em Nice (França), vítima de uma doença respiratória.

De seu nome real Giuseppe Mustacchi, nasceu em Alexandria (no Egito) em 1934, filho de uma família de emigrantes de origem grega, crescendo num ambiente aberto ao contacto (e à consequente influência) de várias culturas, cedo descobrindo um gosto pela literatura e pela música.

Chegou a Paris nos anos 50, trabalhando inicialmente como jornalista e conhecendo então Georges Brassens, que o apresentou aos ambientes da noite de Saint-Germain-des-Prés, que lhe abriram novos horizontes. Mudando o nome para Georges, teve poucos anos depois, numa canção que escreveu para Edith Piaf, um dos seus primeiros episódios de reconhecimento maior. A canção não era mais senão 'Milord', que se transformaria igualmente num dos temas mais icónicos da cantora.

Na verdade, e tal como de certa forma acontecera também com Serge Gainsbourg, Moustaki foi inicialmente mais reconhecido como autor que como intérprete. De resto, é na sequência do impacte maior causado em 1969 por 'La Métèque' que a sua carreira discográfica (iniciada em inícios dos anos 60) ganha fôlego, abrindo-se então igualmente espaço a uma vida de concertos em salas maiores a partir de então.

Com uma personalidade política claramente afirmada à esquerda, Moustaki não limitou a sua obra à música tendo também publicado vários livros e trabalhado em cinema (aí, na maior parte dos casos, assinando bandas sonoras).

Em 2010, dois anos depois de lançado o álbum 'Solitaire', foi criado um prémio em seu nome.

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