Morreu o Professor Snape de Harry Potter
As gerações mais novas conhecem-no da saga Harry Potter, onde interpretou a misteriosa personagem Severus Snape, que acabaria por se tornar um dos melhores amigos do herói. Mas os mais crescidos lembram-se certamente dele como o vilão Hans Gruber de Die Hard - Assalto ao Arranha-Céus (1988), o xerife George de Nottingham, rival de Kevin Costner em Robin Hood: Príncipe dos Ladrões (1991) ou como o coronel Brandon em Sensibilidade e Bom Senso (1995), de Ang Lee a partir de Jane Austen. Alan Rickman morreu esta quinta-feira, de cancro. Tinha 69 anos.
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Na verdade, a carreira de Rickman começou nos anos 70 e vai muito além dos filmes que chegaram às salas portuguesas: ele foi acima de tudo um ator de teatro.
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Nascido em 1946, em Londres, numa família de classe média, Alan Rickman estudou desde sempre em escolas onde as artes eram valorizadas, quer fosse o teatro ou o design. O seu primeiro emprego foi como designer gráfico no jornal Notting Hill Herald, tendo depois aberto com um amigo um atelier de design. Mas, três anos depois, assumiu que o negócio falhado e e decidiu dedicar-se à sua paixão: representar.
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Escreveu para a Royal Academy of Dramatic Arts pedir uma audição e conseguiu uma vaga na escola. Ao mesmo tempo, trabalhou como assistente de guarda-roupa dos atores Nigel Hawthorne e Ralph Richardson.
Após a formação, em 1974, começou imediatamente a trabalhar com várias companhias, tendo passado pelo Royal Court, pelo Festival de Edimburgo e pela Royal Shakespeare Company. Nos anos 80, foi com esta companhia que interpretou o papel do visconde Vamont na adaptação de Ligações Perigosas - o espetáculo haveria de chegar à Broadway em 1987 e Rickman foi nomeado para um prémio Tony.
[citacao:Os atores são agentes de mudança. Um filme pode fazer a diferença e pode mudar o mundo]
Entretanto, em 1982 Alan Rickman já se tinha tornado conhecido do grande público no Reino Unido como o reverendo Obadiah Slope na série da BBC The Barchester Chronicles.
Outro momento importante na sua carreira foi quando participou, com a sua voz inconfundível, como mestre de cerimónias no disco Tubular Bells II, de Mike Oldfield.
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O seu primeiro grande sucesso no grande ecrã foi como Gruber em Assalto ao Arranha-Céus - o seu vilão conseguiu entrar para o 46º lugar na lista do American Film Institude (AFI) dos "100 filmes: 100 heróis & vilões". Rickman haveria de contar mais tarde que esteve quase para não aceitar o papel: tinha 41 anos e tinha chegado a Los Angeles há apenas dois dias quando lhe foi feita a proposta, o ator tinha muitas dúvidas sobre o que deveria aceitar e achava que o filme não iria ter grande impacto.
Entre os muitos filmes em que participou desde então, destacam-se ainda Um Fantasma no Coração (Truly, Madly, Deeply), de Anthony Minghella (1990) ou, mais recentemente, O Amor Acontece (Love Actually), de Richard Curtis (2003). Pelo meio, foi aclamado pela sua interpretação em Rasputin: Dark Servant of Destiny, um telefilme da HBO, com o qual ganhou um Globo de Ouro e um Emmy.
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Como realizador, fez The Winter Guest (1997) com Emma Thompson e Phylida Law. E em 2014 realizou A Little Chaos, com Kate Winslet e ele próprio.
Apesar do sucesso no cinema, Alan Rickman não deixou de fazer nem televisão nem teatro. Foi Marco António ao lado da Cleópatra Helen Mirren, no Olivier Theatre e em 2005 encenou a premiada peça My Name is Rachel Corrie.
O ator morreu mas ainda estão por estrear dois filmes em que participou: Eye in the Sky (um thriller de Gavin Hood que foi visto no festival de Toronto) e Alice Through the Looking Glass (de James Bobin), no qual repete a interpretação da voz da Lagarta Azul, tal como já tinha feito no filme de Alice de Tim Burton:
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"Os atores são agentes de mudança. Um filme, uma peça de teatro, uma peça musical ou os livros podem fazer a diferença e podem mudar o mundo", disse em 2008.