Morreu Gianluca Vialli, lenda do futebol italiano. Tinha 58 anos

O antigo avançado morreu ontem aos 58 anos após longa luta contra o cancro. Fez uma dupla temível com o amigo Roberto Mancini.
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Gianluca Vialli morreu ontem aos 58 anos, num hospital de Londres, depois de uma dura batalha contra o cancro no pâncreas que durava desde 2018. Foi a federação italiana que comunicou o adeus do antigo goleador, que a 14 de dezembro tinha anunciado a suspensão das suas funções de diretor da seleção. Queria concentrar-se na luta que travava, mas menos de um mês depois partiu, deixando como herança uma vida dedicada ao futebol, que fez dele um dos futebolistas mais amados de Itália nas décadas de 1980 e 1990.

Ao lado do amigo Roberto Mancini fez uma das duplas de ataque mais temíveis do calcio. Foi de tal forma que na época de 1990/91 ambos levaram a Sampdoria a um inédito título de campeão, numa era em que a liga italiana se destacava por ter as maiores estrelas mundiais. Vialli sagrou-se melhor marcador da Série A com 19 golos, numa equipa treinada por Vujadin Boskov, onde também brilhavam Pagliuca, Vierchwood, Katanec, Mykhaylichenko, Lombardo e o veterano Toninho Cerezo.

Mas a história de Vialli começou muito antes. Filho de um empresário da área do imobiliário e construção civil, nasceu e cresceu no Castello di Belgioioso, um castelo com 60 quartos do século XV em Cremona, na Lombardia. E foi nos relvados contíguos que começou a dar os primeiros pontapés na bola, até que aos nove anos o professor primário levou-o para o clube que treinava, o Pizzighettone. Foi o clique que lhe faltava para despertar para o futebol. Aos 14 anos mudou-se para a Cremonese, onde começou na Série C até chegar à Série A em 1984.

Foi então que se mudou para Génova para representar a Sampdoria, onde encontrou Mancini, a sua alma gémea no futebol. Foi uma parceria que durou oito épocas, durante as quais só não venceram a Liga dos Campeões por causa de um livre de Ronald Koeman, que permitiu ao Barcelona conquistar o primeiro título europeu. Os Gémeos do Golo - assim ficaram conhecidos - separaram-se após essa final de Wembley, em 1992, porque Vialli foi contratado pela Juventus, por 16,5 milhões de euros, um recorde na altura. Pela Vecchia Signora conseguiu, enfim, ganhar a Champions em 1996, ao lado do português Paulo Sousa.

Aos 32 anos, resolveu emigrar para Inglaterra, para representar um Chelsea ainda longe de ser um dos grandes da Premier League. Foram três épocas em que ajudou a conquistar uma Taça de Inglaterra, uma Taça da Liga e a Taça das Taças de 1998 já como treinador-jogador. Um ano depois pendurou as chuteiras e ficou como técnico da equipa a full-time. Contudo, a carreira de treinador que parecia auspiciosa terminou em 2002 no comando do Watford, no segundo escalão inglês.

Depois disso, foi comentador e jogador de golfe profissional até que em novembro 2019 foi convidado pelo amigo Mancini, então selecionador italiano, para ser diretor da seleção. Aceitou então voltar a representar a squadra azzurra, na qual acabou por não ser muito feliz como jogador, pois contabilizou 16 golos em 59 jogos, tendo apenas marcado um golo numa grande competição (Euro 1988), nos Mundiais de 1986 e 1990 acabou por ficar em branco. Mas como dirigente ajudou os azzurri a conquistar o título europeu em 2021, em Wembley, no estádio onde perdeu a primeira Champions. Curiosamente, será em Londres onde vai realizar-se o seu funeral, numa cerimónia privada por vontade de Vialli.

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