Morreu Gerry Conlon, um dos Quatro de Guilford
Quando em 1989 saiu do Tribunal de Recurso que acabava de declarar nula a pena que fora condenado 15 anos antes por um crime que não cometera, Gerry Conlon garantiu: "Estive preso por algo que não fiz. Estou totalmente inocente". Em 1975, Conlon, Paul Hill, Carole Richardson e Paddy Armstrong - que ficaram conhecidos como Os Quatro de Guilford - foram condenado a prisão perpétua pelo atentado do IRA que no ano anterior matou cinco pessoas e feriu outras 65 no pub Horse and Groom da cidade de Guilford, na região britânica do Surrey. Os quatro acabaram por ser libertados em 1989 devido a dúvidas sobre as provas policiais que levaram à sua prisão. Este foi considerado o maior erro da justiça britânica.
O pai de Conlon, Giuseppe, foi também ele detido em 1975, quando viajava de Dublim para Londres, onde ia ajudar o filho. Condenado por ligações a uma família de fabricantes de bombas - os Maguire Seven -, Giuseppe, que só tinha um pulmão e sofria de enfisema, acabou por morrer na prisão em 1980. Foi preciso esperar 25 anos para que em 2005 o então primeiro-ministro Tony Blair fizesse um pedido de desculpas público tanto aos familiares de Conlon como dos Maguire, garantindo que mereciam ser total e publicamente exonerados dos crimes que não cometeram.
A história de Conlon acabou por inspirar o filme de 1993 Em Nome do Pai, realizado por Jimmy Sheridan e com Daniel Day-Lewis como protagonista. O filme, nomeado para o Óscar, baseava-se na autobiografia de Conlon Proved Innocent. No livro este conta a sua batalha para sobreviver na prisão e depois de sair em liberdade. Sofreu dois esgotamentos nervosos, tentou suicidar-se e acabou alcoólico e viciado em drogas.
Gerry Conlon morreu ontem aos 60 anos na sua casa de Falls Road, a oeste de Belfast, depois de uma longa doença.