Morreram gémeos siameses que nasceram em zona de guerra
Os gémeos siameses nascidos há pouco mais de um mês em Douma, um subúrbio de Damasco, na Síria, morreram, esta quarta-feira, de uma crise cardíaca.
Nawras e Moaz Hasash estavam à espera da autorização governamental para viajarem até Roma, onde seriam tratados. O Crescente Vermelho apresenta, contudo, uma outra versão, garantindo que "todas as aprovações formais da viagem [já estavam] assinadas" e que o atraso se deveu às "más condições de saúde" das crianças.
Os bebés nasceram a 23 de julho numa cidade controlada pelos rebeldes e cercada pelas forças sírias, há dois anos. A escassez de água nesta região impede o funcionamento dos cuidados mínimos de saúde. Os gémeos que nasceram com os corações ligados tinham, por isso, sido transportados para um hospital em Damasco, na zona controlada pelo Governo sírio.
A complexa cirurgia de separação seria, no entanto, realizada no Hospital Bambino Gesú, em Roma, fez saber em comunicado o Crescente Vermelho.
[artigo:5337213]
Algumas organizações não-governamentais já acusaram o Governo de ter demorado demasiado a emitir as autorizações de viagem. Ao Middle East Eye, Mohamed Katoub, responsável da Sociedade Médica Sírio-Americana, acusa: "Este caso é um exemplo de como a comunidade internacional e o mundo humanitário falharam às crianças da Síria."
"A morte trágica destas duas almas corajosas poderia ter sido facilmente evitada. Isto é inaceitável", realça o presidente da mesma organização.
Depois de uma campanha internacional para que estes gémeos fossem operados no estrangeiro, Gentil Martins, cirurgião português conhecido pelas várias operações de separação de siameses que liderou, tinha-se oferecido para separar Nawras e Moaz.