Mordomos de São Gonçalinho, Aveiro, tentam evitar "batota" na apanha de cavacas

A Mordomia de São Gonçalinho, Aveiro, pede contenção no uso de nassas para apanhar as cavacas que são lançadas do alto da capela, nas festas que decorrem no bairro da Beira-Mar.
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De ano para ano tem aumentado o número de pessoas que aparecem a apanhar as cavacas com nassas, um tipo de rede de pesca em forma de funil, que, quando as respetivas canas são altas, impede que muitas cavacas cheguem ao público.

As cavacas são arremessadas por devotos em pagamento de promessas e no largo da Capela juntam-se multidões para apanhar as muitas toneladas do típico doce, que é atirado ao som do sino.

César Carvalho, juiz da mordomia de São Gonçalinho, lançou este ano um apelo à contenção no uso das nassas e de outros artefactos, embora reconheça que faz parte da tradição.

"Andam com as nassas a apanhar quantidades enormes de cavacas, que ninguém sabe o que é que lhes fazem e essa é uma das nossas preocupações porque impede as crianças e pessoas com algumas dificuldades de conseguirem apanhar a sua cavaca", disse à Lusa.

Segundo César Carvalho, o problema foi até discutido nos Encontros de São Gonçalinho, onde estiveram autarcas presentes, mas falta à autarquia legitimidade para poder regulamentar aquela prática.

"Temos recebido muitas reclamações das pessoas porque as nassas são cada vez mais altas e quase chegam lá acima, onde os devotos estão a atirar as cavacas", lamenta.

O juiz da Mordomia reconhece que o uso das nassas é habitual todos os anos, tanto mais que os moradores da Beira-Mar eram pescadores, marnotos e mareantes, na sua maioria.

"Faz parte da tradição e figura em várias imagens e litografias alusivas à festa, só que os mais velhos dizem que as nassas não ultrapassavam a altura da porta e agora são da altura da capela", relata.

As festas em honra de São Gonçalinho começaram hoje e prolongam-se até segunda-feira, e, além do lançamento de cavacas, têm como atrativos vários concertos musicais e fogo-de-artifício nos canais da Ria.

Ao nível religioso, como habitual, o bispo da Diocese de Aveiro presidirá a uma missa solene na capela.

Lusa / Fim

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