Moradores querem metro direto de Telheiras a Carnide previsto há décadas
Um grupo de moradores quer que a linha verde - que atualmente acaba em Telheiras - seja prolongada até se encontrar com a azul, já em Carnide. A intenção não é nova - há até uma petição a recolher assinaturas desde agosto que já conta com 2.700 assinaturas - mas ganha uma nova dimensão com o apoio das juntas de freguesia envolventes (Carnide, Lumiar, Encosta do Sol, Santa Clara) e, ainda, da Associação de Residentes de Telheiras.
Atualmente a linha verde termina em Telheiras, mas este prolongamento já estava previsto "há várias décadas" nos planos de expansão, conforme explica Pedro Pinto, um dos responsáveis pelo movimento de cidadãos que criou a petição, ao DN.
Tudo remonta a 1993, ano em que o Metro de Lisboa reconhecia a importância de uma ligação naquela zona da capital. Anos depois, em 2002 - aquando da inauguração da estação de Telheiras -, a intenção mantinha-se e o então presidente do Metropolitano de Lisboa, Manuel Frasquilho, assumia isso mesmo, mas falta de verbas terão condicionado o prolongamento. Em 2009, na altura da apresentação do Plano de Expansão da Rede (PER), estava prevista a criação de três novas estações - Fernando Namora, Senhora da Luz e Padre Cruz - que iriam ligar Telheiras à Pontinha, através da linha vermelha.
Contudo, as intenções não se concretizaram. "Foi dado um pequeno passo, com a construção da ligação do Campo Grande a Telheiras, em 2002, mas foi só", diz Pedro Pinto. E a juntar a isto, defende, "o prolongamento da linha verde em direção à linha azul consta do Plano Diretor Municipal de Lisboa há vários anos, mas nada foi feito". "A ideia que dá é que, de repente, foi abandonado este plano de expansão em detrimento dos planos para o metro de superfície de Loures", acrescenta.
Confrontado com a situação, o Metro de Lisboa referiu ao DN - sem detalhar - que "o prolongamento a Benfica encontra-se previsto no Plano de Expansão da Rede do Metropolitano de Lisboa". O Ministério do Ambiente e da Ação Climática, que tutela as obras de expansão da rede do metropolitano, não respondeu às questões enviadas pelo DN.
Já Fábio Sousa, presidente da Junta de Freguesia de Carnide, coloca-se do lado dos peticionários: "É algo que faz todo o sentido ser feito. Está previsto há anos, mas ainda não se realizou."
"A junta de freguesia reuniu-se com o Metro há alguns anos, já com a atual presidência [assumiu funções em janeiro de 2017], e a empresa acompanhou as preocupações e disse que a ligação faz sentido e podia ser construída, mas deixou sempre a ressalva de que seriam necessários fundos para a construção", disse Fábio Sousa (PCP) ao DN, assumindo mesmo que é "um prolongamento necessário". Isto porque, junto à ligação sugerida, está o Parque de Material e Oficinas III (PMO III)... do próprio metropolitano. Até porque, junto à ligação, está o Parque de Material e Oficinas III (PMO III)... do próprio metropolitano. Além disso, logo ali ao lado, estão os terrenos projetados para a edificação da futura Feira Popular. Em dezembro de 2021, em entrevista DV /TSF, o presidente do Metro, Vítor Domingues dos Santos, assumia a premência desta ligação: "É muito relevante para o metropolitano conseguir ligar Telheiras à Pontinha e fazer ligação à atual linha azul na estação do Colégio Militar. A manutenção seria mais ágil e passaríamos a ter dois pontos de entrada e de saída do material circulante entre as oficinas e a rede."
Ao DN, o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, Ricardo Mexia (PSD), subscreve as preocupações expressadas. "É realmente algo que facilitaria em muito a mobilidade de pessoas das freguesias de Lumiar e Carnide", diz. "Aquilo que chega à Junta de Freguesia, sendo através de movimentos como o destes peticionários, ou através do contacto com fregueses, é que o projeto que está em curso não é adequado. A linha circular não serve as necessidades da população" - algo que os peticionários defendem, pedindo a suspensão imediata do "projeto da linha circular bem como todos os procedimentos em curso para a sua concretização". E, com isso, defendem os peticionários, devem ser utilizadas verbas previstas no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou no Quadro Financeiro Plurianual (QFP) que, juntos, garantem uma dotação de 3.630 milhões de euros só para a mobilidade. No caso do QFP, aliás, é até especificado que só para a consolidação da rede de metro e transportes da área metropolitana de Lisboa estão destinados 2.300 milhões de euros.
Notícia atualizada às 12.05 de dia 21 de novembro com as respostas do Metro de Lisboa.