Tráfico de droga, pequenos roubos, insegurança e casas degradadas são algumas das preocupações dos moradores do Bairro da Torre, em Cascais. Vivem sobressaltados com as manifestações de violência que ocorrem naquele aglomerado habitacional construído nos anos 70 para famílias de pescadores. .Aliado ao clima de insegurança, que dizem viver, está a degradação das habitações, provocada pela idade das construções ou pela tinta dos graffiti que ostenta ameaças a quem passa. Queixam-se de pequenos roubos, do tráfico e consumo de droga e de "marginais que deambulam nas ruas, principalmente nas imediações do parque infantil, e que se metem com quem passa". ."É uma situação que se repete dia após dia", refere Maria Isaura. Com 52 anos de idade, a residente diz ter nascido ali: "Lembro-me de brincar com os vizinhos até à noite, desde pequenina. Agora, quando chego do trabalho ao fim da tarde tenho medo de passar em certas ruas.".Habitado na sua maioria por residentes idosos e agregados familiares de reduzidos recursos económicos, a Torre é um dos primeiros bairros de carácter social construídos no concelho de Cascais.."Ultimamente, é mais evidente pequenas concentrações de indivíduos que consomem e traficam, o que vem criando alguma insegurança aos residentes, sobretudo os mais idosos que pouco saem do Bairro", diz José Nobre, outro morador. .Adianta que a proximidade com o Bairro da Cruz da Guia, outro bairro de cariz social, "possibilita que esses indivíduos tenham mais hipóteses de poder circular e consumir em locais diferentes"..Parasitas da sociedade.Para Alexandre Amaro, também residente local, "os problemas que existem são causados, sobretudo, por gente sem inserção social, que faz do álcool, da droga, da parasitação da sociedade ou da bandidagem, o seu modo de vida e desta maneira faz como refém toda uma maioria de pessoas de bem"..Para quem lá mora, a solução assenta num maior policiamento. Atenta a esta situação está a Associação dos moradores do Bairro da Torre e da Cruz da Guia. .A Associação já denunciou esta realidade à Câmara Municipal de Cascais, à Polícia de Segurança Pública e à Polícia Municipal..O DN sabe que a PSP já tem referenciados alguns fogos onde alegadamente se pratica o tráfico de droga, bem como a receptação de artigos roubados..No entender do novo comandante da PSP de Cascais, Pinto Aires, esta não é uma situação especial já que, disse, "em termos gerais, todos os bairros de realojamento são problemáticos e o da Torre não é excepção". .No entanto, pede a participação dos residentes na solução do problema. Diz que "deveria haver uma atitude mais interveniente da população para denunciar e alertar os órgãos policiais dessas situações". Pinto Aires sublinha que "a PSP reconhece que é um dos pólos da maior instabilidade social" e adianta que está em curso o estudo e a análise dos problemas "para equacionar a forma mais correcta de minimizar a insegurança". .O comandante da Polícia Municipal de Cascais, Domingos Antunes, já tinha avançado que, "depois da época balnear, a intervenção da PM iria incidir com maior influência no interior do concelho". .Ao DN referiu que "o Bairro da Torre vai ser, seguramente, um dos núcleos habitacionais para onde vamos direccionar as nossas forças"..Refere ainda que há 15 dias foram retirados cerca de 20 carros abandonados que serviam de local de encontro para vários indivíduos . Por outro lado, vai ser disponibilizado um carro-patrulha e será reforçado o policiamento. Isto porque a Polícia não ignora os apelos da associação de moradores, "com quem pretendemos continuar a colaborar", diz.