Moradores de Cascais protestam no sábado contra construção em área verde
A manifestação é promovida pelo grupo SOS Costa da Guia que, desde 2017, tem dinamizado várias iniciativas com o objetivo de impedir "a construção de um edifício privado em terrenos que foram cedidos ao município para serem espaço verde público".
De acordo com Pedro Jordão, porta-voz do grupo SOS Costa da Guia, "ainda corre no Tribunal de Sintra um processo e providência cautelar em relação ao meio ambiente e qualidade de vida dos moradores".
"Os moradores estão contra isto, sempre reclamaram que o espaço permanecesse livre, público e verde e não querem, de forma alguma, ver ali uma construção que retirará toda a possibilidade de fruição da área verde restante, designadamente do parque infantil", afirmou Pedro Jordão em declarações à agência Lusa.
Para o espaço, de cinco mil metros quadrados, está prevista a implementação do centro cultural judaico "Jewish Life and Learning Center" (Centro de vida e aprendizagem judaico), apresentado pela Câmara Municipal de Cascais como um dos principais projetos para este ano.
Pedro Jordão esclareceu ainda que em causa não está o facto de se tratar de um centro judaico, destacando que o grupo SOS Costa da Guia é composto também por moradores com ascendência judia, mas sim a transformação de um espaço verde público, num espaço privado com construção.
"Se o terreno foi cedido para um fim público não faz sentido que passe a ser um terreno privado. Não é o facto de as futuras instalações da Chabad [Associação Chabad Portugal] supostamente terem uma biblioteca e um jardim sensorial que passa a ser um espaço público. É a mesma coisa que, imaginemos, um restaurante. É um espaço aberto ao público, mas não deixa de ser um espaço privado em que é reservado o direito de admissão", disse.
Segundo o grupo SOS Costa da Guia, os moradores são contra o abate de árvores feito na área e, nomeadamente, perto do jardim infantil ali instalado.
"Na semana passada, de repente, começaram a cortar uma série de árvores, designadamente uma palmeira protegida por regulamento municipal pelo menos desde 1987 e já cortaram entre 15 a 20 árvores", acrescentou Pedro Jordão.
Contactada pela agência Lusa, a Câmara Municipal de Cascais mantém a resposta dada há uma semana, referindo que a construção está a ser feita num terreno privado e que o município está a acompanhar o andamento da obra e respetiva construção do centro judaico.
"A câmara municipal é um árbitro, está a acompanhar o andamento da obra, como faz com todas as obras no território, e o que sabemos é que o projeto inicial está a ser cumprido", afirmou fonte do município.
De acordo com um comunicado da Associação Chabad Portugal, hoje enviado à agência Lusa, a associação "pretende replantar cerca de dois terços das árvores existentes".
"O centro foi desenhado de forma harmoniosa com o meio envolvente; teve como base a preocupação de preservar os espaços verdes: a Associação Chabad pretende replantar cerca de dois terços das árvores existentes. Deverão ainda ser plantadas oliveiras e outras espécies de árvores e arbustos. Os arranjos exteriores estão pensados de forma a facultar aos cidadãos zonas de lazer e passeio", pode ler-se no comunicado.
De acordo com o rabino e diretor da Associação Chabad Portugal, Eli Rosenfeld, citado em comunicado, a associação pretende que este seja "um projeto partilhado e aberto a todos os cidadãos".
"Projetámo-lo exatamente assim: a pensar em todas as idades, fés e nacionalidades. É também um projeto de Cascais, para os cascalenses, e um projeto verde com um jardim que cobrirá um terço do terreno", afirmou Eli Rosenfeld.
A manifestação no Jardim da Costa da Guia está marcada para as 16:00 de sábado.