Monte Clérigo,Arrifana e Odeceixe em risco
Existem arribas no concelho de Aljezur em situação de "perigo iminente" de derrocada, nas quais "deviam ser demolidas rochas", como são as zonas do Pontal de Carrapateira, de Monte Clérigo, da Arrifana e Samoqueira. E nalgumas delas até "devia ser interdita" a pesca desportiva. Outra área de risco é a praia de Odeceixe, costa com "falésias em xisto, que se fragmenta com grande facilidade".
O alerta foi feito ao DN pelo presidente da câmara municipal, Manuel Marreiros, numa altura em que técnicos da Administração Regional Hidrográfica (ARH) do Algarve se preparam para alargar, a partir de amanhã, vistorias às praias da Costa Vicentina, que abrange também o concelho de Vila do Bispo.
"No concelho de Aljezur, temos algumas situações sinalizadas com placas a alertar para o perigo de queda de pedras, mas as pessoas não respeitam. E quando alguém lhes chama a atenção, até lhes parece mal. Na zona da Samoqueira, situada na área do Rogil, além de existirem placas a avisar para questões de segurança, foi colocada uma vedação com rede metálica, de forma a evitar a circulação de pessoas. Contudo, ainda há dias vi algumas a contornar a vedação, ignorando os riscos", lamentou Manuel Marreiros.
Já na praia da Arrifana, onde há anos morreu uma pessoa que se encontrava junto a uma arriba, devido à queda de pedras de cerca de quatro metros de altura, existem várias placas a avisar para o risco de derrocada. Mas quando o mar ali chega, "às vezes desaparecem".
Por outro lado, aquele autarca lamentou que esteja embargada pelo Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina uma escadaria de acesso à praia da Carriagem, na zona do Rogil, obrigando desse modo os utentes a "seguir por um caminho antigo, sem conforto e com falta de condições de segurança". O problema, observou, tem também a ver com o Plano de Ordenamen- to da Orla Costeira (POOC) Sines/Burgau, que não contempla em praias naturais, como é o caso, escadas de acesso e casas de banho, entre outros apoios.
"Há entidades a mais a mandar na costa e acção a menos. O Parque Natural nem devia ter nada com isto. A ARH é que deve superintender toda a orla costeira, enquanto as praias e a utilização balnear têm de ser da responsabilidade das câmaras municipais. Existe até um diploma nesse sentido, mas que não está regulamentado", lembrou o autarca.
A Região Hidrográfica do Tejo reúne, para além do Algarve, o maior número de arribas em risco de derrocada, concentrando-se, só nas zonas Alcobaça- Mafra e Sintra-Sado, 52 troços abrangidos.
No caso do POOC Alcobaça- -Mafra, são definidas 22 áreas urbanas em faixa de risco, seis das quais em Alcobaça, cinco em Mafra, quatro em Peniche, três na Nazaré, duas na Lourinhã e duas em Torres Vedras. Na mesma região, foram identificadas 30 praias de risco, em Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Lourinhã, Torres Vedras e Mafra.
Nestas zonas balneares, foi necessário "dar início" a medidas de minimização do risco, tais como o reforço e/ou reposição da sinalização inexistente ou vandalizada e delimitação/interdição de zonas de risco na base e no topo das arribas.
Na zona abrangida pelo POOC Sintra-Sado, as principais situações de risco respeitam aos aglomerados urbanos das Azenhas do Mar e praia das Maçãs, além dos acessos e zonas de estacionamento nas praias da Aguda (interdita ao uso balnear), Vigia e Pequena, no concelho de Sintra.
Já no Alentejo Litoral são apontadas seis zonas de risco: faixa entre as praias do Salto e da Ilha (com destaque para Porto Covo e praia do Burrinho), no concelho de Sines. Praia do Malhão, praia de Almograve, área entre Almograve e Lapa de Pombas, praia da Zambujeira do Mar, praia do Carvalhal e Azenha do Mar (Odemira).
A identificação das zonas de risco, assim como as últimas medidas tomadas para minimizar os riscos de erosão e derrocada foi apurada pelas cinco administrações da Região Hidrográfica do País e compilada pelo Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional.