Em dezembro, Boodsabann Chanthawong juntou-se a um número crescente de mulheres que estão a desafiar gerações de tradição budista na Tailândia, ao ser ordenada noviça num mosteiro só de mulheres, não reconhecido, nos arredores de Banguecoque..Liderando uma procissão de outras 21 mulheres - desde adolescentes a idosas - em direção à capela no Mosteiro de Songdhammakalyani, na província de Nakhon Pathom, Boodsabann chorava ao preparar-se para trocar as suas vestes brancas pelas características de cor de açafrão que são vistas quase exclusivamente nos monges do sexo masculino.."Vou ultrapassar este obstáculo e ser ordenada como sempre quis", disse a empresária de 49 anos antes da cerimónia, no início de dezembro, durante a qual iria rapar a cabeça. Ela ficou durante nove dias no templo..Oficialmente, só os homens podem tornar-se monges e noviços na Tailândia, ao abrigo de uma lei budista que desde 1928 proíbe a ordenação das mulheres. O país não reconhece as monjas nem as noviças..Uma opção para as mulheres tailandesas devotas é tornarem-se freiras budistas, que vestem de branco, seguem um regime religioso menos restrito do que o dos monges e são muitas vezes relegadas para tarefas de lida da casa nos templos..Nos últimos anos, contudo, mais mulheres budistas tailandesas estão a procurar tornar-se bhikkhunis, ou monjas, desafiando a tradição na procura de uma alternativa: ser ordenadas no estrangeiro, normalmente no Sri Lanka ou na Índia..Dhammananda Bhikkhuni, abadessa de 74 anos do Mosteiro de Songdhammakalyani, voou para o Sri Linka para ser ordenada em 2001, tornando-se a primeira monja tailandesa..Desde então, ajudou mulheres como Boodsabann a aderirem à ordem budista como noviças em cerimónias de ordenação que ocorrem a cada abril e dezembro.."Já passaram 90 anos e o contexto social mudou, mas ainda não nos aceitam", disse Dhammananda à Reuters, numa entrevista na biblioteca do templo, onde uma estante completa é dedicada aos livros sobre os direitos das mulheres e o seu papel na religião.."É uma pena que as mulheres não sejam autorizadas a tomar decisões pelas suas próprias vidas. Têm de se rebelar contra a injustiça porque isto não está certo", acrescentou..Apesar de o mosteiro de Dhammananda ordenar as noviças, não pode fazer o mesmo para aquelas que querem ser monjas. Tal cerimónia requer não apenas dez monjas, como também dez monges, que estão proibidos pela mesma lei de 1928 de participar..Há cerca de 270 monjas em toda a Tailândia e todas foram ordenadas no estrangeiro, disse Dhammananda, indicando que o seu mosteiro é casa de sete delas. Por contraste, a Tailândia tem mais de 250 mil monges..Esforços no passado para tentar reverter a decisão de 1928 têm sido infrutíferos. A ordem foi reiterada durante os encontros do Conselho Supremo Sangha, que reúne os monges mais importantes do país, em 2002 e 2014..O governo diz que não é um caso de discriminação do género, mas uma questão de tradição, e as mulheres são livres de viajar para o estrangeiro para serem ordenadas monjas, só não o podendo fazer no seu país.."As mulheres não podem ser ordenadas aqui, mas ninguém as impede de o fazerem no estrangeiro. Só não podem ser ordenadas por monges tailandeses, é isso", disse Narong Songarom, porta-voz do Gabinete Nacional do Budismo.
Em dezembro, Boodsabann Chanthawong juntou-se a um número crescente de mulheres que estão a desafiar gerações de tradição budista na Tailândia, ao ser ordenada noviça num mosteiro só de mulheres, não reconhecido, nos arredores de Banguecoque..Liderando uma procissão de outras 21 mulheres - desde adolescentes a idosas - em direção à capela no Mosteiro de Songdhammakalyani, na província de Nakhon Pathom, Boodsabann chorava ao preparar-se para trocar as suas vestes brancas pelas características de cor de açafrão que são vistas quase exclusivamente nos monges do sexo masculino.."Vou ultrapassar este obstáculo e ser ordenada como sempre quis", disse a empresária de 49 anos antes da cerimónia, no início de dezembro, durante a qual iria rapar a cabeça. Ela ficou durante nove dias no templo..Oficialmente, só os homens podem tornar-se monges e noviços na Tailândia, ao abrigo de uma lei budista que desde 1928 proíbe a ordenação das mulheres. O país não reconhece as monjas nem as noviças..Uma opção para as mulheres tailandesas devotas é tornarem-se freiras budistas, que vestem de branco, seguem um regime religioso menos restrito do que o dos monges e são muitas vezes relegadas para tarefas de lida da casa nos templos..Nos últimos anos, contudo, mais mulheres budistas tailandesas estão a procurar tornar-se bhikkhunis, ou monjas, desafiando a tradição na procura de uma alternativa: ser ordenadas no estrangeiro, normalmente no Sri Lanka ou na Índia..Dhammananda Bhikkhuni, abadessa de 74 anos do Mosteiro de Songdhammakalyani, voou para o Sri Linka para ser ordenada em 2001, tornando-se a primeira monja tailandesa..Desde então, ajudou mulheres como Boodsabann a aderirem à ordem budista como noviças em cerimónias de ordenação que ocorrem a cada abril e dezembro.."Já passaram 90 anos e o contexto social mudou, mas ainda não nos aceitam", disse Dhammananda à Reuters, numa entrevista na biblioteca do templo, onde uma estante completa é dedicada aos livros sobre os direitos das mulheres e o seu papel na religião.."É uma pena que as mulheres não sejam autorizadas a tomar decisões pelas suas próprias vidas. Têm de se rebelar contra a injustiça porque isto não está certo", acrescentou..Apesar de o mosteiro de Dhammananda ordenar as noviças, não pode fazer o mesmo para aquelas que querem ser monjas. Tal cerimónia requer não apenas dez monjas, como também dez monges, que estão proibidos pela mesma lei de 1928 de participar..Há cerca de 270 monjas em toda a Tailândia e todas foram ordenadas no estrangeiro, disse Dhammananda, indicando que o seu mosteiro é casa de sete delas. Por contraste, a Tailândia tem mais de 250 mil monges..Esforços no passado para tentar reverter a decisão de 1928 têm sido infrutíferos. A ordem foi reiterada durante os encontros do Conselho Supremo Sangha, que reúne os monges mais importantes do país, em 2002 e 2014..O governo diz que não é um caso de discriminação do género, mas uma questão de tradição, e as mulheres são livres de viajar para o estrangeiro para serem ordenadas monjas, só não o podendo fazer no seu país.."As mulheres não podem ser ordenadas aqui, mas ninguém as impede de o fazerem no estrangeiro. Só não podem ser ordenadas por monges tailandeses, é isso", disse Narong Songarom, porta-voz do Gabinete Nacional do Budismo.