Monges envolvem-se em confrontos no Monte Athos

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Duas dezenas de monges envolveram-se quinta-feira em confrontos no Monte Athos (norte da Grécia), um dos locais mais emblemáticos da Igreja Ortodoxa. Na base dos confrontos esteve a disputa pela posse de um dos 20 mosteiros existentes na "Montanha Sagrada". O incidente obrigou à intervenção da polícia e a um reforço da segurança naquela região.

O Monte Athos é uma república monástica semi-autónoma em relação à Grécia, onde apenas vivem monges ortodoxos. Mas a calma religiosa foi interrompida na quinta-feira quando rebentou um confronto entre dois grupos de monges opositores.

Os religiosos de Esphigmenou - que seguem uma corrente contrária à hierarquia ortodoxa - barricaram-se numa dependência de um mosteiro situado na capital, Karyes. Mas foram contrariados por um grupo de monges da direcção do Monte Athos - que estão sintonia com as posições do patriarcado de Constantinopla, liderado pelo patriarca Bartolomeus I. As imagens dos confrontos, que envolveram puxões de cabelos, arremesso de cinzas e de carvão e pontapés, correram mundo através da televisão e lançaram a controvérsia sobre este território. Para evitar que outros incidentes se repitam, as forças policiais estão a reforçar a sua presença na ilha.

Desde há vários anos, os monges de Esphigmenou assumem uma posição de contestação à hierarquia ortodoxa, através de uma linha de pensamento mais radical e tradicionalista. Seguem um movimento dentro da igreja, autodenominado os Verdadeiros Cristãos Ortodoxos, que nasceu há 40 anos e se opõe, por exemplo, ao diálogo com outras religiões. Há uns anos que a hierarquia do Monte Athos já ordenou a sua expulsão da república, mas estes recusam-se a ceder e mantêm-se no território.

"Tornaram-se uma fracção que, apesar de pouco numerosa, é muito incómoda. Recusa-se a adaptar a igreja ao mundo moderno", comenta Alexandre Bonito, representante da Igreja Ortodoxa em Portugal. Até porque, acrescenta, o braço-de-ferro entre os religiosos de Esphigmenou com o patriarcado "coloca o Estado grego também em dificuldades", uma vez que teve de intervir e aplicar a lei para impedir os confrontos.

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