Moeda da época de Afonso II foi vendida por 150 mil euros
Um morabitino raríssimo do tempo de D. Afonso II (1211-1223) foi arrematado por 150 mil euros no leilão da Numisma, casa leiloeira especializada em numismática. A estrela do leilão tem uma história de séculos, "mas é uma peça quase nova", disse ao DN Javier Salgado, o administrador da Numisma. O leilão, centrado nas moedas de ouro, foi "o mais importante do ano, em termos de quantidade, mas sobretudo de valor".
Foram 372 lotes que foram à praça, na quarta-feira, a maioria dos quais foi vendida. A sala esteve cheia, com cem a 120 pessoas, o que Javier Salgado considera algo típico de Portugal, "já que noutros países apenas aparecem algumas pessoas. Os portugueses são mais emotivos. Aparecem muitos só para ir ver".
Nas duas sessões, destacaram-se diversas moedas, além do morabitino. Uma delas foi o gentil do tempo de D. Fernando I, avaliado em 60 mil euros. "A história desta moeda tem piada porque foi comprada por um coleccionador na Holanda em 1906 e esteve numa colecção até 1995, até ter sido vendida. Os coleccionadores antigos aguentavam a mesma moeda durante três gerações. Agora, a compra é mais material."
Impressionante foi a escalada de preço de um quartinho de 1706, do tempo de D. Pedro, o príncipe regente (1667-1683). "A peça estava avaliada em quatro mil euros e foi vendida por 28 mil. É uma moeda muito rara e em excelente estado de conservação. Os dois interessados estiveram sempre a picar-se um ao outro. Provavelmente era a peça que faltava à sua colecção."
As expectativas dos visitantes estiveram também voltadas para um centavo de 1922, uma moeda de que se conhecem apenas seis exemplares.
Como é habitual, um "marcelino" de 1970 fez as delícias dos investidores e coleccionadores. Quem começa a entrar nestas lides, aposta na República e vai recuando no tempo até à época dos suevos e visigodos. Os dez centavos, com preço-base de 15 mil euros, saíram a 19 500 euros.
As notas também marcaram presença no leilão, mas a mais valiosa, um specimen da emissão Vasco da Gama, de Cabo Verde, ficou sem dono, o que causou algum espanto a Javier Salgado. "Todas as colónias têm emissões Vasco da Gama. Neste caso não é uma nota, é um comprovativo da autenticidade de uma nota, que os bancos utilizavam em casos de falsificação", explicou.
Se esta raridade cabo-verdiana ficou na Numisma, outras peças menos invulgares foram vendidas rapidamente. "Uma nota de 500 escudos de 1932, que custava dois mil euros, triplicou de preço. Saiu a seis mil euros. As notas das colónias que têm tanto interesse ficaram. Mas as notas nacionais, a partir dos anos 80, vendem-se muito." Daqui se conclui que os portugueses preferem o que é nacional...