Moçambique/Ciclones: Helicópteros estão carregados com alimentos, mas mau tempo limita voos
"Esta operação é um desafio para o PAM, no sentido em que algumas áreas são de difícil acesso e esperamos mais chuvas nos próximos dias", referiu a porta-voz, Déborah Nguyen.
O PAM tinha "boa presença no terreno depois do ciclone Idai", em março, no centro do país, e colocou "equipas, material e comida muito depressa" no Norte do país.
O problema são os ventos e a chuva, embora calmos, comparando com o ciclone, mas suficientes para limitar a quantidade de voos.
Na segunda-feira, o PAM aproveitou a boleia de um avião, levou algumas caixas de biscoitos energéticos para a ilha do Ibo logo pela manhã e um segundo voo esteve programado, mas foi cancelado devido ao mau tempo.
Hoje aconteceu o mesmo: os dois helicópteros de carga MI-8 do PAM ainda levaram 2,8 toneladas de alimentos a Quissanga, mas poucos minutos depois de recarregarem, uma chuva intensa caiu em Pemba e fez abortar a descolagem.
Em Quissanga, a população juntou-se para receber a ajuda alimentar.
Por entre habitações destruídas, uma pilha de pneus em chamas serviu de sinal para o local de aterragem.
Os distritos mais atingidos pelo ciclone Kenneth na quarta-feira foram Macomia, com pelo menos 31 dos 48 mortos registados e cerca de metade dos 166.000 mil afetados, Quissanga e Ilha do Ibo, sendo estes também os que mais urgentemente precisam de comida, abrigos e produtos para desinfetar água.
O acesso à vila sede de Macomia esteve sempre aberto, apenas com árvores caídas no caminho - embora haja receio em relação ao que se passa em comunidades mais remotas do distrito -, mas o acesso a Quissanga e Ibo por terra é ainda um desafio.
As inundações que se seguiram ao ciclone arrastaram terras, pontes e cortaram vias em terra batida em diversos pontos da província de Cabo Delgado, incluindo as estradas que levam a Quissanga, onde estão os cais de acesso aos barcos para Ibo.
As autoridades já tentaram chegar lá com viaturas com suprimentos, mas não conseguiram.
Ao todo, há sete estradas cortadas após o ciclone, incluindo a única via asfaltada que liga o Norte ao Sul da província.
"É devastador ver a destruição e os danos que o ciclone causou. Há pessoas que perderam tudo, as casas foram destruídas e ficaram sem os seus pertences", descreve Déborah Nguyen, depois de ter sobrevoado as zonas afetadas.
A comida que existia nestes locais ficou inutilizada.
"São pessoas que dependem da pesca, mas muitos dos utensílios ficaram destruídos e preocupa-nos muito que o ciclone ainda tenha impacto nas suas vidas durante os próximos meses", concluiu.