Ministro alemão sugere dar a carne de cavalo aos pobres

O ministro alemão do Desenvolvimento, Dirk Niebel, teve uma ideia para aproveitar os produtos feitos à base de carne de cavalo que forem retirados do mercado por estarem falsamente rotulados como contendo carne de vaca: redistribuir esses produtos aos pobres, sugeriu em entrevista ao jornal 'Bild', hoje publicada, noticia a agência noticiosa AFP. Oposição critica, mas Igreja Evangélica alemã apoia a ideia.
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"Mais de 800 milhões de pessoas morrem de fome no mundo. Infelizmente, na Alemanha também há pessoas com dificuldades financeiras, mesmo para se alimentarem (...) Acho que não podemos, aqui na Alemanha, deitar fora alimentos que estão bons", declarou Dirk Niebel, que é membro dos liberais-democratas do FDP, partido que é parceiro de coligação da CDU da chanceler Angela Merkel no Governo federal da Alemanha.

Esta é a primeira vez que um ministro se manifesta sobre o destino a dar aos produtos retirados. A sua ideia vai ao encontro de declarações feitas por Hartwig Fischer, deputado conservador que, para convencer os mais necessitados, fez-se fotografar num jornal a provar uma lasanha de carne de cavalo e a dizer: "É bom! (...) Não consigo ver diferenças em relação às outras lasanhas", explicou.

Ursula von der Leyen, ministra alemã dos Assuntos Sociais, membro da CDU, considerou, por sua vez, que este debate é "absurdo". E disse: "Quer sejamos ricos ou pobres temos o direito de saber o que comemos".

O escândalo da carne de cavalo começou no Reino Unido e na Irlanda, quando foi detetada carne deste tipo de animal em produtos que diziam conter apenas carne de vaca. Estendeu-se depois a outros países, com a Roménia a ser acusada de estar na origem da fraude. A Alemanha, tal como outros países da UE, teve que ordenar o reforço dos controlos de qualidade feitos a produtos para tentar despistar a presença de carne de cavalo nos mesmos.

Também a oposição considerou a ideia de dar a carne de cavalo aos pobres como "absurda". No entanto, o prelado Bernhard Felmberg, alto representante da Igreja Evangélica da Alemanha, apoiou a proposta. "Nós, como Igreja, consideramos preocupante a mentalidade do deitar fora numa sociedade. Se e como poderíamos distribuir os produtos em causa seria uma questão ainda a discutir. Mas deitar fora comida que pode ser consumida sem riscos é tão grave como a falsa rotulagem e não pode ser solução", declarou, citado pelo 'site' da BBC.

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