Ministra da Informação demite-se. "Peço desculpa ao povo libanês"
Diante da escala da tragédia e da ira da população que exige a saída de todos os seus líderes, a ministra da Informação Manal Abdel Samad anunciou sua demissão "em resposta à vontade de mudança" que está a ser demonstrada nas ruas.
"Depois do enorme desastre em Beirute demito-me do governo", disse Samad. "Peço desculpa ao povo libanês, não pudemos corresponder às suas expectativas."
Foi a primeira demissão de um membro do governo libanês na sequência do desastre de terça-feira. Na véspera, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Nassif Hitti, demitiu-se. Na carta enviada ao primeiro-ministro Hassan Diab criticou a falta de reformas do governo e a sua paralisia para enfrentar os desafios, de tal forma que hoje "o Líbano está a resvalar para se tornar um Estado falhado".
No sábado, dia de manifestações e de violência nas ruas, três deputados de um partido cristão na oposição anunciaram a saída do Parlamento, juntando-se a outros dois.
O influente patriarca maronita Bechara Rai pediu "a demissão de todo o governo", citando um "crime contra a humanidade".
De acordo com a comunicação social local, outros ministros estão a pensar em demitir-se e Diab, que se reuniu com vários membros do seu governo, está a analisar a extensão desta tendência antes de considerar a demissão do seu gabinete.
No sábado, Diab anunciou que iria propor legislação antecipada e permanecer no poder "por dois meses" enquanto as forças políticas chegam a um acordo num país onde o poderoso movimento armado pró-Iraniano Hezbollah domina a vida política.
O presidente francês Emmanuel Macron, falando no início de uma videoconferência internacional em apoio ao país golpeado três dias após sua viagem a Beirute, disse que "devemos agir rápida e efetivamente" para assegurar que a ajuda "vá muito diretamente" para o povo libanês.
Enquanto se aguardam os resultados da videoconferência internacional de apoio, vários países continuam a enviar ajuda ao Líbano.
Como a opinião pública libanesa não confia no governo, Macron havia indicado que a ajuda internacional iria diretamente para o povo e as ONG e que ele não poderia "dar cheques em branco aos sistemas que não têm mais a confiança do seu povo".