MINISTRA DA CULTURA
Depois da música, de sete discos, concertos, enfim, do piano, Gabriela Canavilhas chegou aos gabinetes. Esteve cerca de cinco anos como presidente da direcção da Orquestra Metropolitana de Lisboa. Um desafio por ter de, com as verbas a decrescerem, fazer crescer uma instituição ligada às artes para lá das necessidades artísticas. Saiu (Novembro de 2008) em litígio com o maestro Miguel Graça Moura, mas a janela de desafios não se fechou: nos últimos 11 meses, exerceu como Directora Regional da Cultura dos Açores, de onde sai agora para a pasta da Cultura, elogiada por Carlos César. Ou seja, a experiência de gabinete desta artista musical foi sedimentada entre Lisboa (onde vive) e os Açores (onde tem as raízes - nasceu em Moçambique) e, agora, de volta à capital portuguesa, pode capitalizar as experiências anteriores como gestora. Porque o Ministério da Cultura vive sob o "impossível" lema de "fazer mais com menos". A badalada meta do 1% do Orçamento de Estado, que parece mais consensual com a admissão de José Sócrates de que esta foi das áreas mais descuradas, poderá, se se confirmar, ser um balão de oxigénio para um sector cheio de queixas e, apesar de poder exibir várias figuras individuais (de Saramago a Paula Rego e a Manoel de Oliveira), globalmente deficitária. E se a nova ministra gosta de dizer que não se dá mal com circunstâncias difíceis, eis um bom desafio.
B Tem 48 anos
B Licenciada em Ciências Musicais pela Univ. Nova
Tal como José António Pinto Ribeiro, anterior titular da pasta, admitiu, o grande desafio do Ministério da Cultura é conseguir chegar à mítica meta orçamental do 1%. Uma das principais questões da cultura, nos últimos anos, é precisamente a fragilidade orçamental e a capacidade de investimento nas actividades culturais por parte do Estado. O cheque-obra, medida-emblema de Pinto Ribeiro, foi uma das armas de equilíbrio. Para manter?