Ministério Público chamado a intervir na Plásticos Lena
Os trabalhadores da fábrica de Plásticos do Lena pediram, ontem, ao Ministério Público que investigue as «irregularidades» que acreditam ter sido cometidas pelos gestores, das quais «resultou a descapitalização da empresa».
Meia centena de operários, os que restam no quadro, dirigiram-se em marcha ao Ministério Público, em Leiria, onde entregaram um documento em que acusam os sócios da Plásticos do Lena de terem criado uma outra empresa, a Galaica, dentro da primeira. Afirmam também ter trabalhado desde 1998 para aquela empresa. Na versão dos trabalhadores e dos dirigentes do Sindicato dos Químicos, era uma empresa diferente, sem meios de produção, através da qual eram comercializados os produtos fabricados na Gandara dos Olivais. A Galaica tinha sede num edifício de apartamentos em Pombal, onde dizem que era impossível produzir plástico. Mais recentemente, souberam que a referida empresa tem a sede registada no concelho da Batalha e nos últimos meses terá dado início ao processo de fabrico de produtos iguais aos que a Plásticos do Lena fazia.
Segundo António Marcelino, dirigente do sindicato, os trabalhadores já se haviam apercebido que a situação era pouco clara. Mas os ordenados sempre foram pagos com regularidade, tal como os subsídios de doença e outras comparticipações da Segurança Social. Todavia, em Dezembro, foram surpreendidos pelo desaparecimento do sócio-gerente, Jaime Felizardo, e com um processo especial de recuperação de empresa pedido pela Segurança Social, devido a uma dívida de três milhões de euros. O DN apurou junto dos serviços de pessoal que os descontos dos trabalhadores não eram entregues à Segurança Social há 11 anos.
Nos últimos meses as condições de trabalho agravaram-se. Os moldes fundamentais à produção das malas térmicas, o principal produto, foram retirados da fábrica, asseguram os trabalhadores. Um destes, Cipriano Simões, diz que ajudou a carregar moldes, por ordem do engenheiro. O documento entregue ontem tem a lista dos moldes retirados, sem os quais a fábrica não pode trabalhar.
Grande parte dos operários cumpre o seu horário na fábrica mas não tem o que fazer. Alguns «estão a entrar em depressão por estar parados», dizem os dirigentes sindicais. Entre a meia centena de operários há casos problemáticos. Os mais graves são os de seis casais. Os dois ordenados das famílias estão em risco. Têm casa e carro para pagar e filhos em idade escolar. Os mais velhos já estão na universidade. Outras famílias têm os filhos ainda no primeiro ciclo.