Militares omitiram informação clínica no concurso para os Comandos

Exército diz que dados da relação médico-doente no hospital militar são revelados pelos próprios às unidades a que pertencem
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O Exército disse esta segunda-feira que "compete ao utente" do Hospital das Forças Armadas (HFAR) "informar a sua unidade" militar de eventuais patologias clínicas diagnosticadas no quadro da "relação médico-doente".

No âmbito da saúde assistencial prestada pelo HFAR, "compete ao utente informar a sua unidade da proposta médica" para tratar problemas clínicos detetados porque, "se não o faz, a unidade não sabe. E o HFAR também não sabe se o utente vai concorrer aos Comandos", sublinhou ao DN o porta-voz do ramo, tenente-coronel Vicente Pereira.

A Renascença noticiou esta segunda-feira que cinco dos instruendos afastados do 127ª curso de Comandos por razões médicas apresentavam "doenças graves" - um dos quais um cancro ósseo na zona da bacia - que já tinham sido detetados durante exames feitos anteriormente no HFAR.

"Um dos candidatos sofre de síndrome de Gilbert, uma doença hepática crónica, de origem genética. Outro tem uma doença cardíaca, também genética, e antecedentes de epilepsia. Um terceiro instruendo [...] tem um tumor ósseo na bacia, visível [...] à vista desarmada. No quarto caso, o candidato a comando tem duas hérnias discais e o quinto candidato uma dismetria dos membros inferiores", precisou a Renascença.

Os casos acabaram por ser detetados durante o curso porque, durante os exercícios, os militares em causa apresentaram queixas que "levaram à avaliação clínica da situação e à proposta de eliminação" desses instruendos, sublinhou Vicente Pereira.

A título de exemplo, disse Vicente Pereira, um militar marca uma consulta no HFAR, é-lhe diagnosticado um tumor que, por "razões pessoais", entende não informar a respetiva unidade.

"A postura do utente [do HFAR] é crucial e, neste tipo de cursos" para as forças especiais, "o Exército assiste muitas vezes à ocultação de patologias para poderem ir ou continuar no curso", lamentou o porta-voz do ramo.

Para o Exército e no âmbito da saúde operacional de que o ramo é responsável, mesmo quando os exames são efetuados no HFAR, os cinco instruendos "realizaram exames e análises" antes e durante o curso - na semana em que a instrução foi suspensa após as mortes de dois militares - em que foram "considerados aptos".

De qualquer forma, adiantou o porta-voz do Exército, estas situações "serão analisadas clinicamente e, eventualmente, objeto de processo de averiguações".

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