Milhares fizeram fila para ver por dentro a "obra excecional"

A obra de arquitetura, mais do que as exposições, levou milhares de pessoas ao novo MAAT - Museu de Arte, Arquitetura, em Lisboa, no dia de abertura. Mas não era preciso entrar para desfrutar do edifício.
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Pedro Gadanho está encostado no varandim a ver o que se passa lá em baixo, na Sala Oval. O diretor do MAAT - Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia sorri sozinho e tira fotografias com o telemóvel às crianças e famílias que brincam com bolas gigantes na instalação de Dominique Gonzales-Foerster, intitulada Pynchon Park. "Acabei de mandar uma fotografia à artista, ela vai ficar muito contente porque era mesmo isto que tinha imaginado, que a obra se tornaria um parque de brincadeiras", diz. "É uma maravilha ver a obra de arte em uso, é isto que lhe dá sentido."

As portas do MAAT, o novo museu da Fundação EDP, em Lisboa, abriram ao meio-dia. Depois da inauguração oficial, na terça à tarde, na qual estiveram mais de três mil pessoas, ontem foi dia de abertura ao público, com entrada livre até à meia-noite. Uma hora antes já havia fila na escadaria, junto ao rio Tejo. E assim continuaria ao longo do dia. Ciclistas e corredores que habitualmente passam por ali ficaram surpreendidos com tamanha multidão. Barracas de cachorros-quentes, bolas de Berlim e outras iguarias instaladas na rua, crianças a correr por todo o lado, funcionárias do MAAT a distribuir pins amarelos que haveriam de esgotar em apenas uma hora. E não era motivo para menos: nessa primeira hora entraram no museu cerca de 1800 pessoas. E muitas mais havia ali a passear, apenas a desfrutar do espaço, a subir ao terraço, onde o acesso é livre e se tem uma fantástica vista da Lisboa ribeirinha - do Padrão dos Descobrimentos que está em obras, da ponte 25 de Abril, de Almada, do azul do rio a perder de vista e a confundir-se com o céu.

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Mas Santos Cruz e Maria dos Anjos, um casal de professores aposentados, preferem virar costas ao rio e ficar a olhar o casario da Ajuda que se estende até ao Palácio. Estão absolutamente encantados com o edifício do ateliê AL_A, da arquiteta Amanda Levete: "Isto é lindo, o enquadramento, a maneira como integraram o novo e o antigo", diz ele. "É mesmo uma obra excecional", confirma ela, mesmo sem ter ainda entrado no edifício. Chegaram há pouco tempo, vieram os dois a pé, em passeio, para escapar ao trânsito que estava bastante complicado por aqueles lados e têm o dia inteiro para visitar o MAAT.

Angélica Mateus veio mais cedo. Encontramo-la na Galeria Principal, rodeada de vídeos, caminhando com passos vagarosos, apoiada na sua bengala. "Vi na televisão que o museu abria hoje e fiquei com curiosidade", conta Angélica, de 88 anos. Veio sozinha, no autocarro 27 desde o Marquês de Pombal, e anda a explorar todos os recantos: "Vou ali ver um vídeo naquela salinha, já que cá estou quero ver tudo", diz, garantido que conhece praticamente todos os museus de Lisboa: "O novo Museu dos Coches é bonito mas este é muito melhor. É uma obra muito importante."

No seu percurso, Angélica cruza-se com o presidente da EDP, António Mexia, que também quis ver como estava a correr o primeiro dia do MAAT com público e percorreu todo o edifício com Pedro Gadanho e com Miguel Coutinho, diretor-geral da Fundação EDP. Na Sala Oval viram certamente Guilherme (que hoje completa 21 meses) a correr atrás de uma bola de borracha, feliz, enquanto as luzes se acendem e apagam. "Moramos aqui em Belém e vimos a obra em construção, por isso hoje quisemos ver como é que isto era por dentro, e foi uma agradável surpresa", contam os pais, Duarte Bailey e Frederica. "Este espaço é fantástico para os miúdos, haveremos de voltar mais vezes."

Até às 18.00, segundo os números do museu, tinham entrado no MAAT (no edifício novo e na antiga Central Tejo) mais de 15 mil pessoas. E o dia ainda ia a meio.

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