Mil. Têm a certeza?
A covid-19 continua a não dar tréguas em Portugal. O país vive o pior momento de sempre em termos de pandemia. Ontem, voltou a ser batido um recorde de mortos: 303. Os casos de infeção passaram há muito a meta psicológica dos dez mil, já somam 16.432. Segundo a DGS, na última semana, foram declarados 1922 óbitos, dos quais 894 só na região de Lisboa e vale do Tejo.
Nesta semana, é com tristeza que continuamos a assistir às filas de ambulâncias às portas dos hospitais, nomeadamente do hospital de fim de linha que é o Santa Maria, em Lisboa; à transferência de doentes do hospital Amadora-Sintra para outras unidades devido ao colapso da rede de oxigénio; e a uma comunicação do governo que continua desastrosa. Um exemplo: proibir as escolas públicas e privadas de prosseguir com o ensino online, após decretar pausa letiva, e depois vir dizer que, afinal, não se proibiu. Os portugueses começam a ficar cansados de ziguezagues. Faltam melhores decisões e ações concretas e eficazes para gerir e lidar com toda esta situação que, como todos sabemos, é muito difícil.
A imagem e a reputação do país perde pontos diariamente. Internamente e externamente. Lá fora, jornais internacionais destacam ter-se proibido, em Portugal, o ensino online, ter-se deixado colapsar redes de oxigénio, hesitar no SOS ao estrangeiro ou insistir no nome de um procurador europeu que deixa mancha na presidência portuguesa da União Europeia. A tudo isto junta-se outra triste notícia: afinal a vacinação das altas figuras de Estado não elege só meia dúzia delas, mas, pasme-se, mil pessoas! São dados divulgados na atualização do plano de vacinação, ontem apresentada pelo coordenador da task force, Francisco Ramos. Precisarão os deputados, muitos com menos de 50 ou até de 40 anos, de ser considerados prioritários na vacinação? Uma coisa é pôr na lista Presidente da República, presidente da Assembleia e primeiro-ministro e mais uma ou outra exceção; outra coisa bem diferente é incluir, inexplicavelmente, mil indivíduos na lista. Se fosse uma piada, teria de citar o humorista Ricardo Araújo Pereira, "isto é gozar com quem trabalha" - no caso, na linha da frente.
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