Mil milhões para a Herdade da Comporta na próxima década

Plano de Claude Berda e Paula Amorim para a Comporta prevê o desenvolvimento por fases ao longo de mais de dez anos. Prometem um destino residencial e de turismo de "qualidade".
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Os milionários Claude Berda e Paula Amorim, os novos proprietários dos ativos imobiliários do fundo Herdade da Comporta, têm um plano de investimento para a propriedade que ultrapassa os mil milhões de euros. Para já, os dois empresários viram a sua proposta de compra aprovada por 84% dos 90% de capital presente na assembleia de participantes do fundo, que ontem se realizou em Lisboa. Claude Berda e Paula Amorim ofereceram 158 milhões de euros pelos terrenos. A escritura de venda está agendada para 4 de abril do próximo ano, mas é provável que os intervenientes consigam antecipar essa data.

A primeira intervenção na Comporta será ao nível das infraestruturas, adiantou ao DN/Dinheiro Vivo Cardoso Botelho, representante de Claude Berda em Portugal. "O programa inicial prevê a reparação e construção de várias infraestruturas - estações de tratamentos de água e de efluentes, arruamentos - e o desenvolvimento de 52 moradias turísticas", disse. Esta primeira fase deverá implicar um investimento de 300 milhões. Em simultâneo, Paula Amorim (filha do falecido empresário Américo Amorim) deverá arrancar com o desenvolvimento de uma unidade hoteleira.

Cardoso Botelho adianta que a Comporta é "um projeto que se irá prolongar por dez a 15 anos" e cujo "investimento ultrapassará o bilião de euros [mil milhões]". O responsável sublinhou que será desenvolvido com base em parcerias, mas com a preocupação "em olhar para o detalhe, para conceitos personalizados, que integrem bem-estar. Queremos um projeto ímpar".

Qualidade e responsabilidade

A Comporta será desenvolvida tendo em conta o seu potencial "enquanto destino residencial e de turismo de qualidade" e com "sentido de responsabilidade, porque é nossa firme intenção garantir esse desenvolvimento respeitando a comunidade local, a natureza e a tradição", garante Paula Amorim num comunicado enviado às redações. A empresária, que responde por 12% do projeto (os outros 88% são de Claude Berda), afirmou pretender um "modelo de desenvolvimento que garanta a sustentabilidade da região, crie emprego (...), investimento de qualidade e qualifique os espaços públicos".

Segundo informação disponibilizada pelos investidores, a Herdade da Comporta terá uma "adequada estrutura de hotéis, vilas e condomínios" e promoverá "um vasto número de iniciativas de apoio às comunidades, centros de arte, cultura e design". Um wellness center de uma marca premiada, com atividades de relaxamento e detox, faz parte do projeto, que também contará com academias desportivas, nomeadamente golfe, ténis e paddle, e áreas de comércio e restauração. Um museu e uma igreja, assinados por um conceituado arquiteto, constam também dos objetivos dos promotores para o local.

Nuvens dispersas

O consórcio Amorim Luxury e Vanguard Properties assume agora o destino da Herdade da Comporta, depois de um malogrado concurso (anulado em julho) que ficou marcado por controvérsias e polémicas. A oferta pelos ativos subiu de 156,4 milhões para 158 milhões. O anterior concurso foi também disputado pelo agrupamento constituído pelo inglês Mark Holyoake, a Portugália e a Sabina, que ofereceram 155,8 milhões de euros, e por Louis-Albert de Broglie e os seus parceiros Global Asset Capital e Bonmont, com uma oferta de 159 milhões.

O Ministério Público deu aval favorável à venda ao consórcio de Claude Berda e Paula Amorim, considerando que o processo cumpriu as regras de isenção e transparência. O Tribunal Central de Instrução Criminal também deu parecer favorável. Já a Portugália estuda a instauração de uma ação judicial, por considerar que a rejeição da proposta que apresentou no concurso anterior pode ser considerada nula.

O fundo imobiliário Herdade da Comporta, gerido pela Gesfimo, é detido maioritariamente pela insolvente Rio Forte, que detém participações de 59,09%, e pelo Novo Banco, com 15,46%.

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