Migrações: ACNUR alerta para "crise de acolhimento" na Grécia
Kelly Clements pediu ao governo grego para "acelerar os processos de instalação de serviços e alojamentos adequados [...] para pôr fim à sobrelotação de Moria", principal campo de refugiados de Lesbos, no Mar Egeu, que acolhe atualmente 6.000 pessoas, o triplo da sua capacidade.
Apesar da redução significativa do número de chegadas nas cinco ilhas gregas do Mar Egeu, próximas da Turquia, desde o pico da crise migratória, em 2015, nos últimos seis meses chegaram à Grécia por mar 13.100 refugiados e migrantes, segundo o ACNUR.
Ao todo, 15.000 pessoas vivem atualmente nas cinco ilhas, onde as instalações de acolhimento são insuficientes.
Kelly Clements apontou também os atrasos na apreciação dos pedidos de asilo, devido sobretudo a problemas burocráticos, que obrigam milhares de pessoas a esperar meses nas ilhas antes de serem transferidas para a Grécia continental, onde há também uma capacidade insuficiente de acolhimento.
Numa altura em que os líderes da União Europeia (UE) debatem a gestão dos fluxos migratórios na cimeira hoje iniciada em Bruxelas, Clements sublinhou em Moria "a necessidade de solidariedade e de partilha de responsabilidades".
O autarca de Moria, Nikos Trikellis, está desde domingo em greve de fome em protesto contra "o confinamento" de milhares de requerentes de asilo em Moria.
A retenção nas ilhas dos requerentes de asilo insere-se no plano de ação assinado em 2016 entre a UE e a Turquia, acordo que permitiu uma redução significativa das chegadas à Grécia.
Em 2015, mais de um milhão de refugiados e migrantes chegaram à Grécia.