Migrações: 300 migrantes atirados ao mar nas últimas 24 horas no Iémen, dezenas morreram
A agência especializada da ONU divulgou hoje que um grupo de 180 pessoas oriundas da Etiópia, a maioria adolescentes e jovens adultos, foi forçado a lançar-se ao mar por traficantes.
Um novo balanço do incidente indica que pelo menos seis migrantes morreram e 13 estão dados como desaparecidos ao largo da província de Chabwa, no sul do Iémen. Um anterior balanço dava conta de cinco mortos e 50 desaparecidos.
"Enviámos as nossas equipas para a zona. Vinte e cinco passageiros (feridos) que estavam na embarcação estão a ser tratados na costa do Iémen", afirmou uma porta-voz da Organização Internacional para as Migrações (OIM), em declarações à agência noticiosa francesa France Presse.
Este é o segundo caso deste tipo que é divulgado nas últimas 24 horas no Iémen e que ilustra o tratamento desumano a que são sujeitos os migrantes que procuram melhores condições de vida.
Na quarta-feira, a OIM divulgou que outro grupo de cerca de 120 imigrantes oriundos da Somália e da Etiópia foi igualmente deliberadamente atirado ao mar por traficantes. A agência da ONU estima que 50 pessoas terão perdido a vida, incluindo 29 cujos corpos foram descobertos em campas rasas numa praia de Shabwa durante uma patrulha de rotina.
Os mortos foram enterrados pelos que sobreviveram.
A OIM está a trabalhar em estreita colaboração com o Comité Internacional da Cruz Vermelha para conseguir sepultar condignamente as vítimas mortais e apoiar os sobreviventes.
"Os sobreviventes relataram aos nossos colegas que os traficantes os obrigaram a saltar para o mar depois de terem visto o que pareciam ser representantes das autoridades", afirmou Laurent de Boeck, chefe da missão da OIM, sobre o caso ocorrido hoje.
"Também disseram que os traficantes voltaram à Somália para continuar com o tráfico e trazer mais imigrantes para o Iémen", acrescentou.
Caracterizando estes acontecimentos como "chocantes e desumanos", o chefe da missão da OIM lembrou que o sofrimento destes imigrantes, "que pagam aos traficantes para ter uma vida melhor", é imenso. O responsável estimou que a média de idades dos migrantes é de 16 anos.
A pouca distância marítima que separa o Corno de África (extremo oriental do continente africano, constituído pela Somália, pela Etiópia e pelo Jibuti, e que culmina no cabo Guardafui) do Iémen tem contribuído para que este trajeto seja uma rota de migração popular, apesar do conflito em curso no Iémen e que afeta o país árabe desde finais de 2014.
Posteriormente, os migrantes tentam dirigir-se para os países do Golfo.
De acordo com a OIM, cerca de 55.000 migrantes abandonaram nações do Corno de África em direção ao Iémen desde janeiro deste ano, a maioria deles vindos da Somália e da Etiópia.