Michael Phelps continua a limpeza em Pequim
Natação. Seis medalhas de ouro, seis recordes mundiais
É verdade que aquelas máscaras de esforço no final das provas já não enganam ninguém. Mas 15 corridas depois, entre eliminatórias e finais, Michael Phelps continua imparável. Humano - cansa-se -, mas inatingível. Ontem, ganhou o sexto ouro em Pequim - com o correspondente recorde mundial, agora nos 200m estilos -, e chegou às 12 medalhas douradas em Jogos (seis em Atenas 2004). Faltam duas exibições do americano para o mito total. Ou seja, passar Mark Spitz (sete ouros em Munique 1972) como o atleta olímpico com mais títulos olímpicos nuns só JO.
O mais incrível nesta história de Phelps são as insinuações. Ou a ausência delas: sempre que, nos tempos que correm, um desportista sobressai desta forma (saindo dos limites do Mundo acessível a todos os outros, basicamente), chega a pergunta. Primeiro tímida, depois incessante: e doping? "Qualquer um pode dizer o que quiser. Mas eu sei que estou limpo", atirou o norte-americano ontem, dia em que se apurou para a final dos 100m mariposa.
Para sublinhar a convicção, Phelps deu um argumento arrasador - quase ao jeito dos seus impulsos de golfinho nas viragens. "Participei num projecto com a Usada [Agência Americana Antidoping], no qual me propunha a fazer mais testes para provar isso. As pessoas podem questionar o que quiserem, mas factos são factos e eu tenho resultados [de exames antidoping] para prová-lo", lembrou.
Ontem, o americano ganhou com o seu estilo, mas ainda com mais vantagem. Não deu hipóteses logo de entrada, assumiu a liderança (que por vezes só quer ter nos últimos 100 metros), arrumou os adversários, arrumou o recorde mundial, arrumou com a questão da sexta medalha de ouro. Faltam duas para passar Spitz, já leva três de vantagem sobre os mitos dos Jogos (que somam nove, que era recorde antes de Phelps chegar a Pequim).
"Com um programa de treino como o meu, tenho de trabalhar velocidade e resistência em todos os estilos. Preciso da velocidade para a saída e da resistência para aguentar a prova inteira. Não se consegue isso só com talento. É preciso muito trabalho pesado, muita dedicação. Tem sido uma combinação de tudo", explicou.|