Mibel pode ser adiado, dado que Espanha tem um sector energético em turbulência

Publicado a
Atualizado a

Manuel Pinho fala com particular gosto dos avanços conseguidos no sector da energia ao longo do primeiro ano da sua acção à frente do Ministério da Economia e Inovação. As soluções procuraram sempre, nas palavras do ministro, criar mais concorrência em cada segmento do mercado. A Galp valorizou-se desde o anúncio da nova estratégia nacional para a energia, mesmo com concorrência acrescida, o que pode parecer um contra-senso. O investimento de Américo Amorim e o acordo com a Eni na EDP criaram um quadro accionista estável nos próximos cinco anos. Nos três seguintes, o Estado pode indicar o nome de um possível comprador no caso do Grupo Amorim querer sair: "Investidores privados, se são livres de comprar, têm de ser livres de vender mais dia menos dia." A EDP e a REN realizaram mais-valias importantíssimas com esta reestruturação e a petrolífera nacional vai entrar em Bolsa o mais cedo possível. Depende, apenas, de um processo jurídico e tarifário complexo de passagem dos activos do transporte do gás para a REN.

A EDP encontrou o seu modelo dualista de governação, seguindo os melhores padrões internacionais: uma Comissão Executiva só com profissionais a tempo inteiro e um Conselho Superior sem a presença da Iberdrola.

O sector eléctrico nacional tem a casa arrumada, mas o Mibel, o mercado ibérico da electricidade, pode ter de ser adiado: "Na Cimeira Ibérica de Évora acordámos que o mercado a prazo deveria arrancar em Julho próximo. Mas é sabido que o sector energético em Espanha vive um período de grande turbulência, com duas ofertas concorrentes de compra da Endesa e com mudanças no sistema regulamentar. Vamos aguardar", conclui Manuel Pinho.

Os casos lamentáveis dos concursos das centrais de ciclo combinado e dos parques eólicos, herdados do passado próximo, estão rectificados e em andamento. Os custos adicionais das energias alternativas não são um obstáculo e têm uma justificação precisa: com o Protocolo de Quioto, Portugal contraiu compromissos concretos na redução de emissões de CO2. Esses custos têm de ser adicionados aos custos unitários de produção das energias poluentes. E os preços não devem andar ao sabor dos Governos. Eles devem reflectir com verdade os custos internos e externos ( como a poluição), impedindo a acumulação de um stock de dívidas tarifárias, como acontece em Espanha.

Quanto à perspectiva discutida em Bruxelas da constituição de sete grandes regiões energéticas no espaço europeu que agregaria a França ao Mibel, o ministro responde que vê essa perspectiva com muito bons olhos: "Aumentar as ligações entre a Espanha e a França é um passo adicional muito importante para reforçar a concorrência no mercado da electricidade."

Já quanto à OPA da Sonae sobre a PT, Manuel Pinho preferiu não se pronunciar sobre um possível desfecho. C

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt