Mexefest. A música começou às escuras

Muitas filas e concertos lotados. O Vodafone Mexefest começou na ebulição do costume
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Foi completamente às escuras que começou mais uma edição do Mexefest. O Vodafone Blackout Room, onde vários artistas se vão apresentar no breu, em pequenos espetáculos de 15 minutos, é uma das grandes novidades deste ano e, tendo em conta as filas que desde cedo se formaram à porta do Cinema São Jorge, para ouvir a norte-americana Akua Naru, vão ser também um dos maiores sucessos do cartaz deste ano.

Um quarto de hora mais tarde, às oito em ponto, arrancavam, em simultâneo, os concertos do brasileiro Janeiro (Casa do Alentejo), e dos portugueses El Salvador (Cinema São Jorge) e Galgo (Estação do Rossio), que deram o tiro de partida para uma verdadeira maratona de concertos e respetivas peregrinações entre as diferentes salas, algumas delas completamente lotadas - como aconteceu, desde muito cedo, na Igreja de São Luís dos Franceses, onde a fila com várias dezenas de metros, para ver o folk intimista da londrina Anna B. Savage, deixou os nervos em franja a muitos dos presentes. Mais folgado, embora igualmente bem composto de público, estava o concerto de Tó Trips, na bela sala da Sociedade de Geografia, onde surgiu acompanhado por João Doce, baterista e percussionista dos Wraygunn, que preencheu ainda mais às já de si bastante densas composições do guitarrista. Hogwarts em Lisboa?

Entretanto, um pouco mais acima, na garagem da EPAL, os portugueses Cave Story tinham também casa cheia, tal como a norte-americana Akua Naru, na Estação do Rossio, onde todos os que não tiveram oportunidade de a "ver" às escuras, puderam agora assistir ao vivo e a cores a todas as diferentes tonalidades da sua música e poesia.

Esta constante escolha e debandada entre os diferentes palcos é talvez a maior imagem de marca do festival, que tem como contraponto as sempre aborrecidas filas, quase sempre naquele concerto imperdível. E se não der mesmo para entrar, a vantagem é que há sempre algo mais a acontecer. E pelo caminho encontra-se sempre alguém conhecido ou descobre-se mais um recanto escondido da capital - como aquela rapariga com ar gótico, que à entrada do concerto de Tó Trips, puxava eufórica a manga do casaco da amiga, comparando a sala da Sociedade de Geografia a Hogwarts, a escola de magia de Harry Potter...

Muitas horas antes de começarem os concertos, já o festival estava em movimento, não no eixo da Avenida da Liberdade, mas no Príncipe Real, no Picadeiro Real do Antigo Colégio dos Nobres, integrado no Museu de História Natural e da Ciência, que nesta segunda edição surge pela primeira vez integrado no programa do Mexefest. Organizado pela Junta de Freguesia de Santo António, em colaboração com o jornalista e editor Rui Miguel Abreu, junta as principais editoras independentes nacionais, numa verdadeira feira da música, também ela com muitos concertos à mistura. "Esta ligação ao Mexefest faz todo o sentido, porque a música independente é algo que desde o início faz parte do ADN deste festival. Por outro lado, é também muito importante este intercâmbio de experiências entre as diferentes editoras, para além, claro, dos discos que se vendem" (os portadores de pulseira do festival têm 10 por cento de desconto em todas as compras), salienta Rui Miguel Abreu, também responsável pela curadoria "Ciência Rítmica Avançada", que vai animar, durante o festival, a Sala dos Espelhos, no Palácio Foz, ao som da nova geração do hip-hop nacional. "Queria muito ver o Roots Manuva, mas como o concerto foi cancelado, devo ficar-me pelo Palácio Foz", afirma.

A maior parte do público, porém, preferiu ir ver o britânico Benjamin Clementine ao Coliseu dos Recreios, onde hoje atuam também dois dos nomes mais aguardados deste Mexefest: Ariel Pink e Patrick Watson.

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