Metsola deixa apelo contra o extremismo no "mais europeu dos parlamentos"

Presidente do Parlamento Europeu esteve em Lisboa, destacou o compromisso de Portugal com a União Europeia e devolveu crítica ao PCP sobre a guerra na Ucrânia.
Publicado a
Atualizado a

Começou o dia no Parlamento, passou pelo icónico A Brasileira para um café com Carlos Moedas e acabou a discutir as perspetivas sobre a atualidade da Europa no Conselho de Estado presidido por Marcelo Rebelo de Sousa. Com apelos aos mais jovens para que não cedam aos extremismos e não deixem as escolhas nas mãos dos outros - uma das principais mensagens deixada por Roberta Metsola, a mais jovem presidente de sempre do Parlamento Europeu (PE), quando falta cerca de um ano para as próximas eleições europeias. Pelo caminho ficaram também os elogios ao "compromisso" de Portugal com a União Europeia.

E foi precisamente por aí que Metsola iniciou o discurso na Assembleia da República, no "mais europeu dos parlamentos", falando num país que "personifica aquilo que significa ser europeu" - e recebendo a primeira salva de palmas dos deputados. Num discurso em que elencou os "muitos desafios" que se apresentam atulamente à Europa - da "invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia" ao aumento de preços, à inflação e a escassez de energia - a presidente do PE admitiu que nem tudo são sucessos no projeto europeu. "Não estou a dizer que a União Europeia é perfeita. Queria partilhar muitas frustrações com os nossos processos. Mas vim cá hoje para dizer que a Europa pode ser melhor se agirmos em conjunto", sublinhou, dirigindo-se então aos mais jovens: "Estou aqui para apelar às pessoas, aos jovens em particular, para que não cedam ao conforto do cinismo fácil, para que não aceitem uma retirada tranquila para os extremos e para as franjas políticas".

Naquela que foi a primeira vez que um presidente do PE participou num debate plenário na Assembleia da República, Metsola ouviu PS e PSD elogiar a sua atuação no apoio à Ucrânia. Já Paula Santos, líder parlamentar do PCP, defendeu que "é preciso parar de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e abrir vias de negociação", uma intervenção que teve uma resposta dura da responsável europeia: "Eu decidi falar no Parlamento da Ucrânia no dia 1 de abril de 2022. Peço-lhe que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos". "Isto não se trata de ficar sentado à mesa e fazer com que as pessoas negoceiem, isto é sobre fazer com que a Rússia saia da Ucrânia", retorquiu Metsola. Que também guardou resposta para as críticas de André Ventura à política migratória da União Europeia: "Não se esqueça disto: para milhões de pessoas ainda é mais seguro embarcar e enfrentar a morte. Estamos a falar de pessoas."

A questão migratória esteve também na agenda do Conselho de Estado, que esteve reunido um pouco mais de duas horas durante a tarde desta sexta-feira, e onde foi defendida "uma política de migrações mais adequada às realidades e à dignidade humana". De acordo com um comunicado emitido pela Presidência da República, os conselheiros assinalaram também o "quadro atual de incerteza, mas desafio e exigência, quer a nível europeu, quer a nível mundial": "Foi destacada a importância da coesão da União Europeia face aos desafios que se colocam, nomeadamente, quanto aos direitos humanos e o Estado de direito (...) quanto à política de migrações, mas, também, em matéria de alterações climáticas, de energia, de digital, de inteligência artificial".

Pelo meio, Metsola encontrou-se com o presidente da Câmara de Lisboa e ex-comissário europeu Carlos Moedas (com quem partilha a mesma família politica, o PPE) para um café no Chiado e um breve passeio.

susete.francisco@dn.pt

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt