Metade dos portugueses não planeia fazer PPR para preparar reforma

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Quase metade dos portugueses não planeia fazer planos de poupança-reforma (PPR), limitando-se a confiar na generosidade do sistema público de Segurança Social quando chegar a hora da aposentação. Esta é a conclusão de um estudo levado a cabo pela Fidelity International em oito países, segundo o qual os portugueses são os que menos iniciativas tomam para preparar a sua reforma.

Em Portugal, 44% dos inquiridos no estudo não estão a pensar responsabilizar-se individualmente pela sua velhice, uma percentagem em absoluto contraste com a situação verificada, por exemplo, na Alemanha, onde apenas 10% assume aquela atitude. Apenas 26% dos inquiridos afirmou já ter tomado diligências. Espanha e Itália são os segundos países com as mais altas taxas de "negligência", mas mesmo assim, em ambos os casos, apenas 27% dos inquiridos não pretende aderir a esquemas privados ou empresariais (ver tabela).

Portugal volta a destacar-se na comparação com os seus parceiros comunitários no que toca às expectativas sobre o valor da futura pensão. Os portugueses são os que esperam receber a segunda maior percentagem face ao salário actual (71%), enquanto no Reino Unido a expectativa baixa para 36% do rendimento, na França para 59%, e na Alemanha não vai além dos 47%.

Esta expectativa está em linha com o facto do sistema de pensões português assegurar, ainda, as maiores taxas de substituição do salário na pensão da OCDE, em torno dos 80%. Em alguns casos, como os relativos a rendimentos muito baixos e salários mui to altos, as percentagens podem superar os 100% no primeiro caso e rondar os 90% no segundo, o que encontra a sua explicação no sistema fiscal que até 2005 isentava de impostos pensões de rendimento médio. Outra explicação para a situação de excepção portuguesa pode ser encontrada no baixo nível dos salários face aos praticados na União Europeia, o que, por questões sociais, conduz a maiores taxas de substituição. Esta situação tenderá, no entanto, a ser alterada à medida que for contando toda a carreira contributiva para o cálculo da pensão para um universo maior de pessoas.

Sobre a idade em que esperam poder aposentar-se, os portugueses apontam os 63 anos, ou seja, antecipadamente, tal como os espanhóis e os suecos. Os ingleses, italianos, holandeses e franceses estimam fazê-lo entre os 61 e 62, enquanto os alemães só o esperam quando atingiram os 64 anos. Mas só os alemães e os suecos já interiorizaram a possibilidade de só poderem vir a aposentar-se depois dos 65%. Cerca de 27% dos germânicos admitem essa possibilidade , e 11% dos suecos, enquanto 49% dos portugueses pensam poder reformar-se aos 65 anos e 26% antes daquela idade.

As poupanças em depósitos bancários são o instrumento preferencial dos portugueses para precaverem a velhice, enquanto em Espanha os PPR têm destaque e na Holanda, Reino Unido e Alemanha há uma mistura entre seguros de vida, e fundos de pensões empresariais. C

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