Metade das grávidas hipertensas e que estão medicadas desenvolvem complicações no parto ou pós-parto, segundo um estudo realizado no Centro Hospitalar do Baixo Vouga..Após avaliadas 139 grávidas hipertensas, concluiu-se que apesar da existência de um controlo da tensão 51,5% das grávidas com medicação prescrita apresentam eventos adversos no parto, puerpério ou pós-parto.."O controlo de tensão não é suficiente para evitar complicações. A doença hiperativa na gravidez não depende apenas do controlo tensional", explica José Mesquita Bastos, coordenador do estudo e cardiologista do Centro Hospitalar do Baixo Vouga..A investigação, que vai ser apresentada no 10º Congresso Português de Hipertensão, que começa na quinta-feira em Vilamoura, mostra ainda que a hipertensão anterior à gravidez aumenta a probabilidade de outros problemas..Por exemplo, a probabilidade de aparecer diabetes gestacional na gravidez com hipertensão arterial é de 21%, enquanto numa gravidez normal é apenas de 12%..A hipertensão na gravidez está ligada à pré-eclampsia ou eclâmpsia, que pode mesmo levar a mulher à morte. Aliás, a hipertensão é responsável por 16% da mortalidade materna..José Mesquita Bastos alerta ainda para a importância de se fazer a medição da tensão arterial durante 24 horas (a MAPA - monitorização ambulatória da pressão arterial), nomeadamente para detetar falsas hipertensas.."O mapa é muito importante. Se formos medir a tensão por esse aparelho podemos ter a surpresa de 30% não serem hipertensas", refere o médico, explicando que muitas mulheres apresentam hipertensão em ambiente de consulta, numa reação de alerta, mas que não se revela se for medida durante 24 horas..O coordenador do estudo avisa que há riscos em medicar uma falsa hipertensa, nomeadamente porque pode diminuir-se a profusão da placenta e comprometer a alimentação do bebé.