Merkel deixa liderança da CDU e não será candidata a chanceler em 2021

Enfraquecida pelos mais resultados nas eleições do Hesse e da Baviera, a chanceler alemã anunciou ainda que este é o seu último mandato como chanceler. São vários os nomes que se perfilam para lhe suceder à frente dos democratas-cristãos.
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Angela Merkel anunciou que não é candidata à liderança dos democratas-cristãos da CDU no congresso de dezembro, em Hamburgo, e que este será o seu último mandato como chanceler alemã. "Nas eleições federais em 2021, não vou ser candidata a chanceler, nem candidata ao Bundestag e não vou concorrer a mais cargos políticos", disse aos jornalistas, após uma reunião com membros do partido.

Líder dos democratas-cristãos desde 2000 e chanceler desde 2005, Merkel terá comunicado a sua decisão à formação esta segunda-feira de manhã, após a CDU ter sofrido grandes perdas nas eleições de domingo no Hesse. Ao dizer que não se candidata a outros cargos públicos, Merkel disse que quer acabar com os rumores de que procuraria um cargo na União Europeia.

Antes de Merkel falar ao jornalistas, já fontes partidárias confirmavam que ia deixar a liderança da CDU tanto à Deutsche Welle como à Reuters. A chanceler está enfraquecida pelos resultados das eleições de setembro de 2017, que obrigaram a repetir a grande coligação com os sociais-democratas do SPD, e pelos fracos resultados da CDU na Baviera e no Hesse.

"Enquanto chanceler e líder da CDU, assumo a responsabilidade tanto pelos sucessos como pelos fracassos", afirmou Merkel, assumindo ter ficado "dececionada" com os resultados eleitorais.

A eleição de domingo no Hesse viu tanto a conservadora CDU, quanto o SPD perderem terreno, enquanto houve ganhos para os Verdes e para a Alternativa para a Alemanha (AfD, de extrema-direita).

A CDU de Merkel acabou por conseguir salvar a maioria da sua coligação de governo regional com os Verdes.

Esta segunda-feira, a atenção estava voltada para o futuro da "grande coligação" e da própria chanceler.

A líder dos social-democratas, Andrea Nahles, exigiu no domingo um "cronograma claro e vinculativo" para a concretização de projetos do governo antes que a coligação enfrente a revisão intermédia já acordada para o próximo outono.

A CDU de Merkel conseguiu 27% dos votos no domingo e os social-democratas 19,8 %.

Na última eleição em Hesse, em 2013, no mesmo dia que Merkel, no auge de seu poder, ganhou um terceiro mandato como chanceler, os resultados foram 38,3 e 30,7%, respetivamente.

Foi o pior resultado na região para os social-democratas desde a Segunda Guerra Mundial.

Merkel permanecerá no cargo de chanceler até às eleições. Até agora, Merkel sustentava que a liderança da CDU e da chancelaria eram duas posições que deveriam ser ocupadas pela mesma pessoa, enquanto o partido estivesse à frente do Governo, e havia declarado a sua intenção de concorrer à reeleição no congresso do seu partido em dezembro.

Os setores mais conservadores do partido mostraram-se insatisfeitos com a intenção de Merkel de se candidatar à reeleição, mas até agora não havia nenhuma candidatura contrária que tivesse peso político.

A decisão de Merkel provocou a queda do euro.

AKK, Spahn ou Friedrich

Abre-se assim caminho para a luta à sua sucessão à frente do partido, com Merkel a recusar apoiar um dos candidatos á sua sucessão. "É verdade que Annegret Kramp-Karrenbauer e Jens Spahn anunciaram hoje a sua candidatura", disse a chanceler aos jornalistas. "Sou alguém que trabalha muito bem com uma série de pessoas diferentes e acho que tenho uma reputação nesse sentido", indicou.

Annegret Kramp-Karrenbauer, conhecida pelas iniciais AKK, é a atual secretária-geral da CDU, sendo vista por muitos analistas como a sucessora designada por Merkel. O ministro da Saúde, Jens Spahn, de 38 anos, é membro da ala mais à direita do partido e tem sido um crítico de Merkel.

Quem também alegadamente está disposto a assumir a liderança da CDU "se o partido assim o quiser" é o ex-presidente do grupo parlamentar Friedrich Merz. É considerado um representante da ala conservadora do partido que abandonou a linha de frente da política depois de Merkel em 2002, como presidente da CDU, ter assumido assumiu a liderança da oposição ao último Governo de Gerhard Schröder.

(Atualizado às 13.00 com as declarações de Merkel)

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