Merkel admite introduzir salário mínimo na Alemanha

A chanceler alemã, Angela Merkel, admitiu hoje a introdução de um salário mínimo único na Alemanha, uma concessão que poderá fazer ao SPD, maior partido da oposição com quem a sua CDU/CSU está a negociar uma Grande Coligação para governar os destinos daquela que é a maior economia da União Europeia.
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"Vamos decidir coisas que, tendo em vista o meu programa, não considero justas, entre as quais está a criação de um salário mínimo único", disse a chanceler, num discurso que hoje fez em Berlim e que foi citado pela AFP.

Mas, prosseguiu, "uma apreciação realista da realidade mostra que os sociais-democratas não querem concluir as negociações sem" o salário mínimo. A chanceler alemã não avançou, no entanto, segundo a AFP, qualquer data para a introdução dessa medida na Alemanha.

Durante a campanha para as eleições legislativas de 22 de setembro, as quais foram ganhas pela CDU/CSU, mas sem maioria absoluta, os sociais-democratas defenderam a introdução de um salário mínimo nacional de 8,50 euros por hora. Os conservadores de Merkel defendiam, por seu lado, a introdução faseada de um salário mínimo, negociado setor a setor, com diferenças entre as zonas da Alemanha Ocidental e a Alemanha de Leste.

"Tudo farei, a CDU tudo fará" para minimizar os efeitos da criação desse salário mínimo, disse a chanceler eleita para um terceiro mandato, perante uma audiência constituída por patrões alemães. Numa conferência organizada pelo jornal 'Sueddeutschen Zeitung', Merkel sublinhou que a coligação que está a ser negociada atualmente "não é a fórmula desejada" mas decorre do "resultado do voto" dos alemães há quase dois meses.

Merkel nunca escondeu que é contra o salário mínimo e, no passado, até chegou a apresentá-lo como explicação para as elevadas taxas de desemprego registadas nos países da Europa do Sul.

Após referir esta possível cedência ao SPD, a chanceler avisou, porém, que não cederá aos sociais-democratas na questão do aumento dos impostos ou do alívio do controlo da dívida, considerado um "projeto central' do Governo alemão para os próximos quatro anos.

A ver a luz do dia, esta será a segunda Grande Coligação (CDU/CSU-SPD) alemã liderada por Merkel.

As declarações da chanceler surgem depois de, na segunda-feira, o número dois da CDU, Hermann Groehe, ter ameaçado com a realização de novas eleições na Alemanha, caso o SPD mantivesse as suas intransigências e não fosse possível chegar a acordo com o partido liderado por Sigmar Gabriel.

"Se, no final, não chegarmos a acordo, não temos razões para ter medo de novas eleições", disse aos jornalistas, antes de uma nova ronda de negociações.

Nas legislativas de 22 de setembro, a CDU/CSU obtiveram um resultado de 41,5% dos votos, ficando a cinco deputados da maioria absoluta no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão). O SPD, cujo candidato a chanceler era o ex-ministro das Finanças Peer Steinbrück, ficou-se pelos 25,7%.

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