O piloto e o co-piloto de um A330neo, o novo modelo de aviões da TAP que tem registado vários casos de indisposições a bordo, recorreram à máscara de emergência para enfrentar o mau cheiro que se instalou na cabina e para se protegerem de possíveis gases tóxicos. O caso ocorreu num voo realizado em meados de julho. A fotografia dos pilotos a usar a máscara de oxigénio foi partilhada em grupos de Whatsapp e divulgada este sábado pelo jornal SOL. De acordo com o semanário, que cita um funcionário (não identificado) da companhia aérea, não terá sido a primeira vez que os pilotos de um A330neo recorreram às máscaras..Nos últimos meses tem havido várias queixas de mau-estar, vómitos e tonturas entre tripulantes e passageiros do Airbus A330neo. No início de julho, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) admitiu mesmo avançar com a convocação de uma greve caso os problemas não sejam resolvidos. Desde então, o próprio sindicato admite que o número de casos tem diminuído, mas continua a acontecer..Ao SOL, a TAP confirma o recurso dos pilotos às máscaras de emergência, no voo realizado em julho. O DN questionou a companhia aérea sobre a existência de outros casos similares, mas a TAP deixou a questão sem resposta, reiterando o que já havia afirmado ao semanário quanto ao voo em causa: "Relativamente ao voo em questão, não houve qualquer risco de segurança para clientes, tripulantes ou avião. As máscaras foram corretamente usadas, a título meramente preventivo e em conformidade com os procedimentos operacionais estabelecidos face à incerteza da origem do odor. O avião aterrou em total segurança, sem necessidade de qualquer prioridade ou acompanhamento especial, não tendo sido registados quaisquer efeitos posteriores em tripulantes ou passageiros"..A TAP acrescenta que em "nenhum das centenas de voos feitos até à data em A330neo houve qualquer plano de aterragem alterado ou declaração de emergência relacionada com episódios de odores". E garante que "não há qualquer registo de gases tóxicos a bordo dos Airbus A330neo, como comprovam as dezenas de testes já realizados a bordo" e que "também não há insuficiência de oxigénio a bordo dos aviões".."Fake news", alega o presidente da TAP.A Airbus, empresa construtora do avião, já admitiu que o óleo libertado no arranque do motor e o sistema de ar condicionado estarão na origem dos maus odores detetados, mas recusou uma relação com as situações de indisposição. Numa carta enviada à TAP em junho, noticiada pelo DN/Dinheiro Vivo, a Airbus dizia já ter adotado "medidas mitigadoras deste efeito, tanto em terra como durante a descolagem do avião". A TAP pediu, entretanto, testes à qualidade do ar nos aviões, que concluíram que os valores estão dentro dos parâmetros normais..Em julho, numa audição no Parlamento, Antonoaldo Neves, presidente executivo da TAP, disse que a companhia está segura de "que a questão dos odores a bordo é temporária, não é nociva". E classificou como "fake news" as notícias que davam conta de indisposições nos voos deste avião..A TAP tem, atualmente, dez aviões A330-900 neo, de um total de 19 que deverão ser entregues até final deste ano.