Memorial
Uma visita a Mafra não pode ser feita sem uma passagem pelo seu palácio. Mandado construir pelo monarca D. João V, em 1711, o Real Convento de Mafra é o mais importante monumento do barroco português. A direcção da obra coube a João Frederico Ludovice, ourives alemão, com formação de arquitectura em Itália, que adoptou um modelo barroco, inspirado em Roma.
O ano de 1717 assistiu ao lançamento da primeira pedra e, em 1730, quando D. João V fez 41 anos, procedeu-se à sagração da basílica. Esta é uma das obras-primas da arquitectura setecentista em pedra calcária de Pedro Pinheiro e revestida a mármore. É aqui que existe a melhor colecção de estátuas italianas do século XVIII e um conjunto único no mundo de seis órgãos, para os quais existem partituras especiais.
Ao todo, são 11 capelas, com 450 esculturas em mármore. O palácio- -convento possui também uma das mais importantes bibliotecas portuguesas, constituída por mais de 40 mil livros. A maior parte deles foram encomendados por D. João V aos melhores livreiros europeus e versam temas tão diversos como direito civil e eclesiástico, medicina ou física experimental. O valor desta colecção, de cerca de 38 mil volumes, está bem expresso numa bula do Papa Bento XIV, emitida em 1754, que proibia, sob pena de exclusão, o desvio ou empréstimo das obras sem licença régia.
Outro núcleo deste monumento é o convento. Com cerca de quatro hectares, foi inicialmente ocupado pelos Franciscanos, sendo substituídos, em 1770, pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, os quais fundaram o Colégio de Mafra.
Finalmente, a visita deve passar pelos carrilhões. O passeio guiado realiza-se todos os domingos, às 14.00, pelo carrilhanor Abel Chaves. Durante o percurso, pode-se conhecer a história deste instrumento, bem como o seu funcionamento. Construídos em Antuérpia e Liège, por Guilherme Withlockx e Nicolau Lavache, são considerados dos melhores do mundo, tendo a particularidade de tocarem valsas, contradanças e minuetes. No total são 92 sinos que pesam 217 toneladas, fun- cionando de um modo manual.
A forte ligação do palácio à música mantém-se até hoje através de inúmeras actividades musicais. Exemplos disso são o Festival Internacional de Música (nos fins-de-semana de Outubro e Novembro) e os Ciclos Internacionais de Carrilhão (durante o Verão), em que participam escolas de carrilhanores.