Memorando é imperfeito e foi assinado com um ano de atraso

O economista Augusto Mateus afirmou hoje que o Memorando de Entendimento é um "documento imperfeito", assinado com um ano de atraso, e defendeu que 100 mil milhões de euros seria o valor de ajuda financeira adequado a Portugal.
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"Já repararam que o programa [de ajuda financeira] foi assinado com um ano de atraso, sensivelmente", afirmou o economista, durante uma conferência sobre imobiliário, promovida pela revista Vida Imobiliária, que decorreu hoje em Lisboa.

Augusto Mateus recordou que, em 2009, "perante uma crise económica e financeira de enormes proporções, Portugal decidiu baixar o IVA e aumentar os funcionários públicos em quatro por cento" porque havia eleições.

"O que é facto é que fizemos um disparate colossal nessa altura. Geramos um défice público de cerca de 16 mil milhões de euros e apresentamos para 2010 um orçamento em que tínhamos um défice ligeiramente superior", acrescentou.

À margem da conferência, em declarações à Lusa, o ex-ministro da economia disse que o Memorando de Entendimento assinado entre o Governo português, o Banco Central Europeu (BCE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Comissão Europeia (CE) é um "documento imperfeito".

"Creio que houve alguma dificuldade de negociação da parte portuguesa. O documento final podia ser mais flexível, mais aberto, mas estamos a tempo de renegociar essas partes", justificou.

Para Augusto Mateus, o montante do envelope financeiro concedido a Portugal também deveria ser superior aos 78 mil milhões de euros, ascendendo a 100 mil milhões de euros.

"Precisaríamos de ter capacidade para acomodar algumas surpresas que tivemos agora (...) e se quisermos pôr alguma ambição adicional do ponto de vista da capacidade, eventualmente seria necessário um pouco mais de meios do que os 78 mil milhões de euros (...) e iríamos parar a um valor mais próximo dos 100 mil milhões" de euros.

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