Nuno Melo: "Em Portugal está a conjugar-se a fórmula do desastre"

O primeiro debate da Escola de Quadros do CDS foi sobre o "Futuro da Europa" com Carlos Moedas e o eurodeputado centrista Nuno Melo
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Carlos Moedas, comissário europeu e ex-secretário de Estado Adjunto de Passos Coelho, e Nuno Melo, o eurodeputado centrista tratam-se por tu e não pouparam elogios mútuos, frente aos "jotinhas" que estão a participar na Escola de Quadros do CDS. Ninguém se pareceu importar que Moedas estivesse estado essa manhã na Universidade de Verão do PSD, também num debate. "É uma sorte e um privilégio ter um comissário como o Carlos Moedas. É um em 10 milhões e agora representa os 500 milhões da União Europeia (EU). Se houve um comissário que se bateu contra as sanções a Portugal, foi ele e devemos ficar agradecidos", sublinhou Nuno Melo. Pouco antes, Carlos Moedas tinha dito o seguinte sobre o eurodeputado: "Melo é o homem que defende Portugal todos os dias na Europa!".

Se a coligação PSD/CDS acabou não foi certamente por estes protagonistas. Nem por Pedro Mota Soares, que moderou o debate entre ambos - o tema era "O futuro da Europa" - e não escondeu alguma nostalgia do "tempo do governo em que trabalhava dias e noites" com o secretário de estado adjunto do primeiro-ministro. Mas nada destas observações carinhosas adoçaram Nuno Melo, quando, ainda a propósito das sanções, mudou o tom para falar de António Costa e do estado do país. Primeiro, afirmou que se o PSD e o CDS continuassem no governo, "a questão das sanções nunca se teria colocado". E lembrou que outros países, como a França e a Alemanha, também já tinham ultrapassado a meta do défice e tal cenário não esteve em cima da mesa. Depois, passou à política nacional, sempre no tom cirurgicamente viperino que lhe é característico. E é assim que vê o país: "Em Portugal está a conjugar-se a fórmula para o desastre". Apresentou os motivos: "o crescimento está abaixo de todas as previsões, o investimento recua, as exportações diminuem e o défice da balança comercial está a aumentar. Ninguém percebe como António Costa diz que está tudo bem!". Também alguns reparados às companhias do primeiro-ministro, deixando implícito que não são as melhores. Em resposta a uma pergunta sobre a prevista participação de Costa na reunião organizada por Alexis Tsipras, na Grécia, que pretende juntar os países do sul, disparou: "Não podíamos dar pior sinal à Europa, que este dado por António Costa. Quando em reuniões da UE se senta ao lado de Alexis Tsipras (Syriza) e apresenta como aliado estratégico e quando vai a Espanha e elogia Pablo Iglesias (Podemos). Pior do que uma gerigonça nacional é uma geringonça europeia e é esse o exemplo que Tsipras quer dar.

Num registo bem mais moderado, Carlos Moedas recordou a Europa de antes de 1914, antes da 1ª guerra, de quando se viajava para todo o lado sem passaporte e os países prosperavam. As guerras que se seguiram, sublinhou, "fecharam cada país sobre si, levando ao protecionismo exagerado que não produz riqueza". O crescimento dos movimentos extremistas, de esquerda e direita e dos populismos são matérias que o preocupam. "A guerra que se está a travar não é entre a esquerda e a direita, é de quem quer fechar e de quem quer abrir a Europa. O que a história já nos ensinou é que fechar-nos ao mundo nunca nos trouxe riqueza".

O debate ainda decorria à hora do fecho da edição, com os "jotinhas" a colocarem perguntas sobre vários temas, desde a União Bancária aos refugiados. Esta sexta-feira a manhã vai ser dedicada à Cultura, um tema pela primeira vez trazido à Escola de Quadros. O escritor e consultor para os assuntos culturais do Presidente da República, Pedro Mexia, e o diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel, vão ser os protagonistas do debate.

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