Melania abre convenção e Ted Cruz lidera último desafio a Trump

Milionário aposta na família para dar imagem de um homem duro em tempos difíceis. No exterior, os protestos multiplicam-se.
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Só estava previsto discursar na quinta-feira, para a apoteótica confirmação como nomeado republicano às presidenciais de 8 de novembro nos EUA, ma s Donald Trump decidiu subir ao palco logo ontem, no primeiro dia da convenção do partido, em Cleveland, no Ohio. Tudo para apresentar a mulher, Melania, uma das oradoras de um encontro que ainda verá vários Trump atrás dos microfones: Eric, Tiffany e por fim Ivanka, a adorada filha do milionário que encerrará o encontro na quinta-feira.

Pelo meio, tudo pode acontecer. A começar por ainda haver uma revolta contra Trump. Ontem a FOX News dava conta de uma rebelião de delegados que se opõem a que o magnata do imobiliário e que, liderados pelo senador Ted Cruz, seu antigo rival na corrida à nomeação, estariam a preparar um último esforço para o travar. É verdade que isso dificilmente acontecerá, ou não tivesse Trump há muito garantido o apoio dos 1237 delegados de que precisa para obter a nomeação. Mas segundo a FOX, a ideia será perturbar os trabalhos, com algumas centenas de delegados a poder deixar Cleveland depois do discurso de Cruz previsto para amanhã.

A abertura da convenção ficou a cargo do presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, logo depois de os delegados terem cantado o hino e prestado juramento.

Nos próximos dias, os vários oradores irão desfilar pelo palco com um objetivo comum (à maior parte, pelo menos): o de apresentar Trump como o líder duro de que os EUA precisam em tempos difíceis.

Já subordinado ao tema "Tornar a América Segura Outra Vez", o primeiro dia ficou marcado pela morte de três polícias, abatidos no domingo por um ex-marine em Baton Rouge, na Louisiana (ver texto). Além de sublinharem a capacidade de Trump para acalmar as tensões raciais decorrentes das mortes de vários jovens negros por polícias brancos nas últimas semanas, os vários oradores tinham como missão mostrar o milionário como o homem certo para acabar com a ameaça do Estado Islâmico. O grupo, que controla um vasto território na Síria e no Iraque, reivindicou este fim de semana o ataque que fez 84 mortos no dia 14 na cidade francesa de Nice, mas também inspirou o atirador que matou 49 pessoas num discoteca gay de Orlando, na Florida, a 12 de junho.

"O nosso país está totalmente dividido e os nossos inimigos estão a ver. Não estamos a passar uma boa imagem, não parecemos espertos, não parecemos fortes", escreveu Trump no Twitter antes do encontro.

Em Cleveland são também de notar as ausências, com grandes figuras do Partido Republicano a recusar participar na convenção que vai confirmar Trump. Do ex-presidente George W. Bush, ao seu irmão, Jeb, rival de Trump na corrida republicana, passando pelos ex-candidatos presidenciais Mitt Romney e John McCain, muitos republicanos preferiram distanciar-se do homem que, se for eleito presidente, promete construir um muro na fronteira com o México para travar a entrada de imigrantes ilegais (aos quais chamou "violadores e traficantes"), banir os muçulmanos de entrarem nos EUA ou ilegalizar o aborto.

Contando com os 2472 delegados e os mais de 15 mil jornalistas acreditados, Cleveland espera receber estes dias mais de 50 mil pessoas. Muitos serão manifestantes, vindo protestar contra as ideias de Trump para a América. Um verdadeiro quebra-cabeças para a segurança, até porque a lei permite o uso de armas junto à Quicken Loans Arena, onde decorre a convenção. Além dos já habituais confrontos entre pró e anti-Trump, as autoridades estão preocupadas com os ativistas dos Panteras Negras, supremacistas negros vindos protestar contra a violência policial contra os afro-americanos. Ao todo são mais de meia centena as manifestações previstas para os 4,5 km2 que ocupa a baixa de Cleveland. Para garantir que tudo corre bem, estão destacados para o local dois mil polícias.

Hillary na frente

Com os republicanos reunidos em Cleveland, a democrata Hillary Clinton continuava ontem em busca de um candidato a vice-presidente. Depois de Trump ter escolhido o governador do Indiana, Mike Pence, para se juntar a ele no ticket republicano, a ex-primeira dama terá conseguido reduzir os candidatos a vice a uma mão cheia de nomes.

Entre eles estão a senadora do Massachusetts Elizabeth Warren, o senador da Virgínia Tim Kaine, o secretário da Agricultura, Tom Vilsack, o senador do Ohio Sherrod Brown ou o senador de New Jersey Cory Booker. Cabe agora a Hillary decidir quem será melhor para a ajudar a unir um partido dividido após meses de luta pela nomeação entre a ex-secretária de Estado e o senador Bernie Sanders. Com a sua mensagem antissistema, este não só conquistou os jovens como conseguiu mobilizar a ala mais à esquerda, que critica Hillary por há décadas andar mais altas esferas do poder, seja como primeira dama, como senadora ou como chefe da diplomacia.

Com uma popularidade que insiste em não descolar, as últimas sondagens nacionais dão a Hillary uma curta vantagem de cinco pontos sobre Trump. O estudo da NBC News/Wall Street Journal dá 46% das intenções de voto à candidata democrata, contra 41% para o rival republicano.

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