Megassimulacro de sismo testa meios de três distritos
Risco. A perspectiva de um sismo na Área Metropolitana da capital é um receio omnipresente. Lisboa, 1755 ou Benavente 1909 são datas que não se esquecem. Por isso mesmo os técnicos de protecção civil vão testar capacidades de intervenção e socorro em cenários imaginados em Lisboa, Santarém e Setúbal
Sismo com 6,9 na escala de Richter 'marcado' para sexta-feira às 17.30
Um sismo de magnitude 6.9 (escala aberta de Richter) na Área Metropolitana de Lisboa, com epicentro na Falha no Vale Inferior do Tejo às 17.30 de sexta-feira. Assim começa o teste ao Plano Especial de Emergência de Risco Sísmico para a Área Metropolitana de Lisboa e Concelhos Limítrofes que vai decorrer entre sexta-feira e domingo.
O simulacro, o "PROCIV IV/ /2008" , promovido pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), decorrerá em simultâneo nos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal. "Considerou-se o epicentro do sismo com base no sismo histórico de 1909 em Benavente, com probabilidade de gerar elevados danos materiais e humanos em diversos locais distintos nos distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal", refere o site da ANPC.
Lisboa-cidade, dada a concentração de organismos e serviços terá uma especificidade própria no exercício já que reportará directamente à Autoridade Nacional de Protecção Civil, conforme explicou ao DN Vítor Vieira, do Serviço Municipal de Protecção Civil (SMPC). "Tanto quanto possível procuraremos não perturbar a dinâmica da cidade durante a realização dos exercícios. Por isso, haverá avisos à população e será transmitida informação através dos órgãos de comunicação social", esclareceu o responsável do SMPC.
Aquele técnico explicou ao DN que o "exercício será jogado, durante os três dias, em simultâneo, nos três distritos e na cidade de Lisboa. Em cada um dos dias será privilegiado o teste de valências específicas, nomeadamente: avaliação e reconhecimento, emergência médica, busca e salvamento, apoio social, avaliação de estruturas, ligação aos órgãos de comunicação social, matérias perigosas e incêndios urbanos e industriais". De acordo com o site da ANPC, "cada um dos distritos envolvidos desenvolveu um conjunto de cenários que permitem envolver as principais entidades com responsabilidade nesta matéria e testar as valências antes referidas".
Em Lisboa, por exemplo, haverá várias "ocorrências -teste" a seguir ao sismo durante os dias seguintes. Uma delas será um acidente que envolve uma viatura com matérias perigosas no cais de cargas e descargas da Praça de Touros do Campo Pequeno, com derrame de produto, cheiro muito intenso e irritante em toda a área envolvente. No concelho de Vila Franca de Xira, o colapso estrutural, na antiga fábrica de Arroz será o teste às várias entidades envolvidas. No distrito de Setúbal, mais propriamente em Almada-Porto Brandão, o cenário pós-sismo é o de um deslizamento de terras, com a via de acesso (única) e várias casas soterradas. No distrito de Santarém, o sismo provoca destruição na zona antiga da vila de Benavente e em alguns dos acessos à localidade.
"O exercício será fundamental para avaliar a eficácia de cada uma das entidades envolvidas e, sobretudo, a articulação entre todas", sublinhou Vítor Vieira do SMPC.