Megan Rapinoe, estrela do futebol feminino, anuncia retirada

Figura maior do futebol dos EUA, Rapinoe é também líder na defesa de causas como a igualdade de sexos ou os direitos LGBT.
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"É com um profundo sentimento de paz, gratidão e entusiasmo que quero partilhar convosco que esta vai ser a minha última época - a minha última época no Campeonato do Mundo e na Liga Nacional de Futebol Feminino" norte-americana, anunciou Megan Rapinoe, de 38 anos.

"Eu nunca poderia imaginar como o futebol moldaria e mudaria a minha vida para sempre", disse Rapinoe ao anunciar o fim da sua carreira após a campanha na Liga pelo OL Reign, o que acontecerá no outono, regressada do mundial que se vai disputar na Nova Zelândia a partir de dia 20 e até 20 de agosto.

Megan Rapinoe foi o rosto e a força motriz de uma seleção americana que conquistou os títulos do Campeonato Mundial Feminino de 2015 e 2019, além do ouro olímpico de 2012.

Eleita a melhor jogadora feminina da FIFA em 2019, marcou 63 golos em 199 jogos ao longo de 17 anos pela seleção dos EUA e será a 14ª americana a chegar aos 200 jogos com a sua próxima participação na seleção nacional. Com Rapinoe em campo, os EUA venceram 157 das 199 partidas.

"Megan é o talento de uma geração", disse a diretora-geral da seleção feminina dos EUA e antiga colega de equipa de Rapinoe, Kate Markgraf. "Quando se fala de jogadoras que atuam nos maiores palcos, ela está ao lado das melhores de sempre."

A par do seu talento futebolístico, o ativismo de Megan Rapinoe em causas como a igualdade entre os sexos, a desigualdade racial e os direitos dos homossexuais garantiu-lhe um estatuto tão emblemático como o seu papel ímpar no futebol da seleção feminina dos EUA.

Rapinoe assumiu-se lésbica em julho de 2012 e tem sido uma defensora das questões LGBT. Está noiva da estrela do basquetebol feminino norte-americano Sue Bird.

Rapinoe, conhecida pelo seu cabelo pintado, apoiou os protestos Black Lives Matter e as campanhas pelos direitos dos eleitores.

No que respeita ao futebol, Rapinoe liderou a luta pela igualdade de remuneração e de condições para as jogadoras norte-americanas em comparação com os seus homólogos masculinos, uma batalha que ela e as suas colegas de equipa venceram em maio de 2022, quando a Federação de Futebol dos EUA concordou com a igualdade de remuneração e condições económicas idênticas nos programas masculino e feminino.

"Em todos os aspetos da vida, quanto mais pudermos abordar a desigualdade de vários ângulos diferentes - perspetivas, vias diferentes - mais rapidamente poderemos retificar o problema", disse.

Em 2016, Rapinoe foi a primeira atleta feminina e branca a apoiar o jogador de futebol americano Colin Kaepernick e a juntar-se ao seu protesto de joelhos durante o hino nacional dos EUA antes dos jogos.

Durante o Mundial de 2019 em França, Rapinoe trocou palavras duras com o então presidente dos EUA, Donald Trump, descartando qualquer noção de uma visita à Casa Branca enquanto Trump a criticava por não cantar durante o hino dos EUA, acusando-a de "desrespeito" à bandeira e à nação.

"Não vou fingir, não vou conviver com o presidente que é claramente contra muitas das coisas que eu defendo e muitas das coisas que eu realmente sou", disse Rapinoe à Sports Illustrated na altura.

Em julho passado, Rapinoe recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a mais alta condecoração civil do país, das mãos do atual presidente dos EUA, Joe Biden.

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