Médium brasileiro acusado por mais de 200 mulheres diz-se inocente

O conhecido médium brasileiro João de Deus, acusado de agressões sexuais por mais de 200 mulheres, afirmou hoje a sua inocência na primeira aparição pública que fez desde que os primeiros casos suspeitos foram conhecidos, na semana passada.
Publicado a
Atualizado a

"Eu não sou culpado", disse o autointitulado "curador espiritual", enquanto tentava abrir caminho para passar entre os muitos jornalistas e centenas de seguidores, vestidos de branco, que o esperavam.

João Teixeira de Faria, de 76 anos, mais conhecido como João de Deus, chegou por volta das 09:00 (hora local, 11:00 em lisboa) à Casa Dom Inácio de Loyolaem, nos arredores da capital brasileira, Brasília, local onde costuma receber os clientes.

Rodeado por voluntários da instituição, dirigiu-se ao salão onde os trabalhos espirituais eram realizados, tendo sido aplaudido pelos funcionários, retribuindo com agradecimentos.

"Meus queridos irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Ainda sou irmão de Deus, mas quero cumprir a lei brasileira porque estou na mão dela. João de Deus ainda está vivo. A paz de Deus esteja convosco", afirmou o médium brasileiro.

Claudio José Pruja, um voluntário daquele que é um local de peregrinação espiritual, fundado em 1976, disse à agência AFP que o médium não se sentia capaz de praticar as suas habituais sessões de "cura", que geralmente decorrem de quarta a sexta-feira.

"Ele está afetado, ele não pode falar e não pode incorporar (espíritos). Para realizar o trabalho espiritual, ele tem que estar relaxado", disse o colaborador.

Na noite de terça-feira, o procurador estadual de Goiás, cidade onde está localizado o centro espírito em causa, disse que recebeu, desde o início da semana, denúncias de "206 mulheres que alegam serem vítimas de João de Deus". Duas delas vivem no exterior do Brasil: na Suíça e nos Estados Unidos da América.

Essas muitas denúncias surgiram depois do depoimento inicial de uma coreógrafa holandesa, Zahira Leeneke Maus, que declarou à TV Globo, na sexta-feira, ter sido violada por João Teixeira de Faria.

Outras mulheres deram o seu testemunho durante o programa, mas sob condição de anonimato, onde relataram que foram obrigadas a masturbarem-se ou a realizar sexo oral durante as sessões de "cura espiritual".

A reputação do médium ultrapassou largamente as fronteiras do Brasil, tendo, em 2012, recebido a visita da famosa apresentadora de televisão americana Oprah Winfrey, assim como os dois últimos Presidentes brasileiros, Lula Da Silva e Dilma Rousseff, e o atual chefe de Estado, Michel Temer.

Os Presidentes do Brasil procuraram as consultas espirituais de João de Deus por questões de saúde.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt