Medina regista "interesse muito grande" do ECOFIN sobre "a situação" Portuguesa

Ministro falava à margem da reunião em Bruxelas em que o ​​​​​​​Ecofin falhou acordo para a governação económica da UE.
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O ministro das Finanças, Fernando Medina transmitiu, esta sexta-feira, ao Ecofin "informações mais precisas" sobre a "realidade" do país, agora que o governo se encontra em gestão.

Nas reuniões de dois dias, do Eurogrupo e do Ecofin, em Bruxelas, Fernando Medina diz ter procurado transmitir que "Portugal está do ponto de vista financeiro numa situação estável".

"[Portugal] tem o seu orçamento aprovado, (...) e temos no fundo os instrumentos necessários para que o país viva em normalidade do ponto de vista económico e do ponto de vista financeiro, [e] temos perspetivas de crescimento que se mantém, que são superiores àquelas da zona euro, quer relativamente a 23, quer relativamente ao ano de 24", respondeu Medina, quando questionado pelos jornalistas, em Bruxelas, sobre se teve alguma perceção de, entre os ministros das Finanças da UE, haver suspeitas de que a "credibilidade" do país pudesse ser interrompida por via da crise política.

"Naturalmente há sempre um interesse muito grande dos vários países sobre o que se passa em Portugal e sobre a situação portuguesa", admitiu o ministro, afirmando de que aproveitou a "ocasião" para "transmitir aos colegas informações mais precisas sobre a nossa realidade".

"Depois teremos, o que é normal em todos os países, a democracia a funcionar, com eleições legislativas marcadas para o dia 10 de março [e] naturalmente, os partidos farão as suas propostas, as suas escolhas, os eleitores, os portugueses escolherão em consciência o que entenderão fazer", afirmou

"Sublinhei aos meus colegas a perspetiva que o país neste momento tem, os instrumentos e tem a determinação, enquanto tivermos funções, de prosseguir esta política e que não há razões para que isso não venha a poder acontecer no futuro", frisou o ministro.

Fernando Medina falava à margem da reunião em que o Ecofin procurou um acordo para as futuras regras de governação económica na União Europeia, embora reconheça que se mantém "grandes divergências" entre alguns países.

Mas, o ministro das Finanças afirma que nenhum dos pontos da discórdia "colocam-se sobre temas que não afetam diretamente Portugal", e acredita que um acordo está "mais próximo".

Nesta fase, a discussão está centrada nos números, nomeadamente, em relação aos "níveis de défice e de dívida para os países obrigados a fazer correção orçamental", e Portugal "não estará nesse grupo no próximo ano", sublinhou Fernando Medina.

"Temos feito o nosso trabalho de casa, as nossas contas estão certas do ponto de vista do saldo positivo, do ponto de vista orçamental, [e] da muito forte redução da nossa dívida pública", destacou Fernando Medina.

Na discussão sobre a futura governação económica, Portugal defende "regras orçamentais que assegurem que nos bons tempos nós conseguimos assegurar a redução do déficit e da dívida de forma significativa, para quando há necessidade dos orçamentais, cada país tenha a possibilidade de fazer as políticas de apoio às famílias e às empresas que são necessárias".

Medina considera que a "grande diferença entre os países" e a "grande heterogeneidade" da economia dos diferentes países são as razões de fundo para as "grandes divergências" que ainda existem na discussão".

A Alemanha, apoiada pelo grupo dos chamados frugais, impõe metas quantitativas, com uma margem de segurança mais exigente do que o limite de três por cento.

A proposta da presidência Espanhola prevê uma redução anual mínima de 1% da dívida, para os países com dívida acima de 90% do PIB. Para os países com dívida acima dos 60% a trajetória de redução seria de 0,5% ao ano.

A Espanha sugeriu também impor um limite do défice muito abaixo dos 3% do PIB, considerando que como segurança a margem não deveria ir além de 1,5%.

França propõe uma relação entre o ajustamento estrutural e o compromisso com reformas e investimento, com limites mais baixos. Mas o grupo de países em que se inclui a Alemanha não apoia a iniciativa.

Ainda assim, Fernando Medina considera que o acordo está próximo. "Segundo as palavras de alguns dos meus colegas, estávamos a 90% de acordo. À saída da noite, uns diziam que estavam a 92%, outros que já estaríamos a 93%, a 94% do acordo", afirmou o ministro, convicto de que "estamos perto de chegarmos a um acordo global sobre as novas regras da governação europeia".

Entretanto, os ministros das Finanças da União Europeia marcaram uma nova reunião para tentar um acordo, nas próximas semanas.

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