Médicos saem da PSP por falta de condições
Médicos que prestam serviço nos postos de saúde da PSP estão a abandonar esta polícia por alegadas faltas de condições de trabalho e de funcionamento nestes locais. Nos últimos três anos o Comando do Porto perdeu mais de metade destes profissionais e viu reduzir também para metade os postos clínicos. Em Lisboa a tendência tem sido semelhante. Fecharam neste período quatro centros clínicos, existindo ainda sete.
A Associação Sindical de Profissionais de Polícia (ASPP) atribui a "situação muito grave que se está a viver" ao "desinvestimento brutal nestes últimos anos" que tem sofrido o sistema de assistência na doença na polícia.
"Batemos no fundo, nunca os postos clínicos da PSP estiveram tão degradados e nunca tivemos tão poucos médicos", alerta Paulo Rodrigues, presidente da ASPP. Um relatório feito por esta organização sindical, em relação à zona norte do País, nota que em 2005 existiam 14 médicos no Porto e seis postos clínicos e que, em 2008, apenas existem três postos e sete médicos, "dos quais dois estão de saída caso a situação não melhore".
Das razões invocadas para as demissões, a ASPP aponta a "falta de material" como constante, "sendo que diversas vezes vai sendo suprimido pelos próprios médicos e socorristas, às suas expensas". Por exemplo, são os médicos que abastecem a PSP em "luvas de borracha, material anti-séptico, massas para reconstrução dentária, material de primeiros socorros", entre outros. "As requisições de material feitas há um ano ainda não chegaram", sublinha a ASPP.
O estado de "degradação" dos edifícios "é de tal ordem que num dos postos principais o elevador avariou e nem o quiseram arranjar porque a estrutura não aguentava", lembra Paulo Rodrigues. O resultado foi a demissão do único cardiologista: "Os polícias tinham de subir 89 degraus para ser atendidos e ele considerou que estava a pôr em risco a vida dos seus doentes", conta o sindicalista.
A Direcção Nacional (DN) da PSP tem uma perspectiva diferente. "O Sistema de Apoio na Doença (SAD) possui, a nível nacional, um universo de médicos em regime de convenção ou contrato que tem garantido aos profissionais da PSP um acesso digno, equilibrado e célere aos postos clínicos, além de poderem aceder a clínicas privadas convencionadas", garante o porta-voz. A DN apela para que a informem"sempre que sejam detectados incumprimentos".