Maya Gabeira é conhecida pelos excelentes feitos no mundo do surf, de ondas gigantes, ultrapassando os limites do que se pensava ser possível no desporto. Com 36 anos, a surfista brasileira detém atualmente o Recorde Mundial do Guinness para a maior onda alguma vez surfada por uma mulher (22,4 metros), conquistado na Nazaré, em 2018. Mas a sua história não fica por aqui..Após muitos anos dedicados ao conhecimento do mar, Maya é uma das principais defensoras da proteção dos oceanos, tendo visto com os seus próprios olhos a destruição do habitat existente no mar.."O meu ativismo vem de criança. O meu pai foi um dos fundadores do Partido Verde do Brasil, um dos primeiros defensores da Amazónia, então eu cresci a escutar sobre a defesa do ambiente e as questões das alterações climáticas", começou por explicar, em conversa com o DN, durante as Conferências do Estoril 2023..Foi durante uma viagem à Indonésia que a surfista teve uma das suas experiências mais marcantes. Apesar de estar habituada a ver lixo no mar, foi nesse país que verificou a existência da incontável quantidade de plástico presente no oceano.."A Indonésia é sempre uma experiência meio difícil. É um destino paradisíaco, tão longe, mas quando chegamos lá e vemos que as ilhas estão imersas em plástico é devastador. Há milhares de plásticos que vêm de outros países. O que é algo descartável num país, vai chegar aos lugares mais longínquos do mundo", afirma..Ao estudar sobre a acumulação de plástico, destruição de habitats e falta de peixes, Maya decidiu envolver-se com o trabalho da associação Oceana, " a maior organização defensora dos oceanos no mundo".."Em 2020 entrei para o conselho de administração e foi então que realmente consegui debruçar-me sobre o assunto. O nosso trabalho é especificamente ver conclusões científicas que nos levam a querer mudar certas políticas. Fazemos muita campanha para mudança de certas leis que vão trazer o benefício da preservação ou acabar com algo já destrutivo para os oceanos", revela..Para uma mudança deste paradigma de destruição, a ativista acredita que é necessário pressionar os governos e alertar a sociedade para os problemas: "Eu acredito em leis e na política. Ensinando a sociedade e pressionando a política é a forma de conseguir criar mudanças coerentes, corretas e necessárias para o futuro da humanidade. Toda a questão do meio ambiente e das alterações climáticas impacta diretamente a sociedade. Temos de pressionar a os governos para que os locais sejam protegidos, para as leis mudarem e a preservação ser colocada à frente de um fim lucrativo de grandes empresas e indústrias"..Nesse sentido, Maya aconselha um "despertar da curiosidade" e incentiva a ler literatura oceânica, uma vez que "o mar é tão complexo que não sabemos o que está a acontecer"..O surf de ondas gigantes é um constante desafio e Maya Gabeira tem noção do perigo que enfrenta. Durante a sua carreira já sofreu dois acidentes na Praia do Norte, na Nazaré, em 2022 e anteriormente em 2013, onde chegou a ser retirada da água inconsciente. Ainda que tenha persistido algum medo e trauma provocado pelo susto, nem as maiores adversidades fazem com que a surfista desista da sua maior paixão: o surf..A sua ligação com esta modalidade começou muito cedo, com apenas 13 anos. "Não tinha nenhum surfista na família, então tudo começou através de amigos. Lembro-me que na primeira vez, com 13 anos, pedi uma prancha emprestada, tentei surfar e não consegui, mas fiquei completamente em êxtase por estar no mar", recorda..Depois, a vontade de superar o desafio começou a crescer. "Ia com os meus amigos para a praia, mas ficava sempre na areia. Até que pensei que não podia ser mais assim. A areia não é o meu lugar. Procurei uma escola de surf, no Rio de Janeiro, e foi assim que tudo começou", testemunha. Atualmente, para se preparar para as provas mais exigentes, Maya pratica muitas horas de ginásio, piscina e treinos de surf e de vento (como kitesurf). "Faço vários tipos de preparação dependendo da época e do que estou a tentar conquistar, mas é superessencial para o surf ter força, resistência e, especialmente para quem surfa ondas gigantes, um bom pulmão", esclarece..O surf de ondas gigantes "é uma modalidade muito exigente" e por esse motivo às vezes é difícil manter a motivação para continuar. "O maior desafio é sempre encontrar motivação. Depois de 16 anos a ser profissional tenho de resgatar o que me vai fazer treinar muito, qual é o objetivo, qual é a diferença e ter algo novo que possa adicionar para que a chama não se apague. Tenho de ter muito foco, muita dedicação e muita paixão", diz..No entanto, uma coisa é certa: Maya não vê a sua vida "sem praticar surf e sem defender a proteção dos oceanos"..inesdias@dn.pt
Maya Gabeira é conhecida pelos excelentes feitos no mundo do surf, de ondas gigantes, ultrapassando os limites do que se pensava ser possível no desporto. Com 36 anos, a surfista brasileira detém atualmente o Recorde Mundial do Guinness para a maior onda alguma vez surfada por uma mulher (22,4 metros), conquistado na Nazaré, em 2018. Mas a sua história não fica por aqui..Após muitos anos dedicados ao conhecimento do mar, Maya é uma das principais defensoras da proteção dos oceanos, tendo visto com os seus próprios olhos a destruição do habitat existente no mar.."O meu ativismo vem de criança. O meu pai foi um dos fundadores do Partido Verde do Brasil, um dos primeiros defensores da Amazónia, então eu cresci a escutar sobre a defesa do ambiente e as questões das alterações climáticas", começou por explicar, em conversa com o DN, durante as Conferências do Estoril 2023..Foi durante uma viagem à Indonésia que a surfista teve uma das suas experiências mais marcantes. Apesar de estar habituada a ver lixo no mar, foi nesse país que verificou a existência da incontável quantidade de plástico presente no oceano.."A Indonésia é sempre uma experiência meio difícil. É um destino paradisíaco, tão longe, mas quando chegamos lá e vemos que as ilhas estão imersas em plástico é devastador. Há milhares de plásticos que vêm de outros países. O que é algo descartável num país, vai chegar aos lugares mais longínquos do mundo", afirma..Ao estudar sobre a acumulação de plástico, destruição de habitats e falta de peixes, Maya decidiu envolver-se com o trabalho da associação Oceana, " a maior organização defensora dos oceanos no mundo".."Em 2020 entrei para o conselho de administração e foi então que realmente consegui debruçar-me sobre o assunto. O nosso trabalho é especificamente ver conclusões científicas que nos levam a querer mudar certas políticas. Fazemos muita campanha para mudança de certas leis que vão trazer o benefício da preservação ou acabar com algo já destrutivo para os oceanos", revela..Para uma mudança deste paradigma de destruição, a ativista acredita que é necessário pressionar os governos e alertar a sociedade para os problemas: "Eu acredito em leis e na política. Ensinando a sociedade e pressionando a política é a forma de conseguir criar mudanças coerentes, corretas e necessárias para o futuro da humanidade. Toda a questão do meio ambiente e das alterações climáticas impacta diretamente a sociedade. Temos de pressionar a os governos para que os locais sejam protegidos, para as leis mudarem e a preservação ser colocada à frente de um fim lucrativo de grandes empresas e indústrias"..Nesse sentido, Maya aconselha um "despertar da curiosidade" e incentiva a ler literatura oceânica, uma vez que "o mar é tão complexo que não sabemos o que está a acontecer"..O surf de ondas gigantes é um constante desafio e Maya Gabeira tem noção do perigo que enfrenta. Durante a sua carreira já sofreu dois acidentes na Praia do Norte, na Nazaré, em 2022 e anteriormente em 2013, onde chegou a ser retirada da água inconsciente. Ainda que tenha persistido algum medo e trauma provocado pelo susto, nem as maiores adversidades fazem com que a surfista desista da sua maior paixão: o surf..A sua ligação com esta modalidade começou muito cedo, com apenas 13 anos. "Não tinha nenhum surfista na família, então tudo começou através de amigos. Lembro-me que na primeira vez, com 13 anos, pedi uma prancha emprestada, tentei surfar e não consegui, mas fiquei completamente em êxtase por estar no mar", recorda..Depois, a vontade de superar o desafio começou a crescer. "Ia com os meus amigos para a praia, mas ficava sempre na areia. Até que pensei que não podia ser mais assim. A areia não é o meu lugar. Procurei uma escola de surf, no Rio de Janeiro, e foi assim que tudo começou", testemunha. Atualmente, para se preparar para as provas mais exigentes, Maya pratica muitas horas de ginásio, piscina e treinos de surf e de vento (como kitesurf). "Faço vários tipos de preparação dependendo da época e do que estou a tentar conquistar, mas é superessencial para o surf ter força, resistência e, especialmente para quem surfa ondas gigantes, um bom pulmão", esclarece..O surf de ondas gigantes "é uma modalidade muito exigente" e por esse motivo às vezes é difícil manter a motivação para continuar. "O maior desafio é sempre encontrar motivação. Depois de 16 anos a ser profissional tenho de resgatar o que me vai fazer treinar muito, qual é o objetivo, qual é a diferença e ter algo novo que possa adicionar para que a chama não se apague. Tenho de ter muito foco, muita dedicação e muita paixão", diz..No entanto, uma coisa é certa: Maya não vê a sua vida "sem praticar surf e sem defender a proteção dos oceanos"..inesdias@dn.pt