Bruno Fernandes inventou mais uma vitória para o leão
O Sporting não vacilou perante o triunfo do Sp. Braga em Vila do Conde, poucos minutos antes do apito inicial em Alvalade, e conseguiu também ganhar ao Portimonense, por 3-1, mantendo assim o atraso de três pontos para os arsenalistas.
Foi uma noite com ambiente um pouco frio em Alvalade, com os adeptos sportinguistas a parecerem desconfiados da equipa, valendo a Marcel Keizer e companhia mais um jogo de grande inspiração de Bruno Fernandes, que se assume cada vez mais como a grande estrela de uma equipa que luta contra uma fase em que as coisas não saem bem ao coletivo.
O treinador leonino optou por abandonar o sistema de três defesas que tinha utilizado nos últimos jogos, mas com o qual tinha empatado fora frente ao Villarreal e ao Marítimo. Voltou assim ao 4x3x3, com Acuña a voltar a ser o lateral esquerdo e a verdade é que a equipa entrou bem no jogo, beneficiando da velocidade de Raphinha e Diaby, que foram causando alguma instabilidade na defesa do Portimonense, que foi adiando o primeiro golo que acabou por surgir aos dez minutos através de um cabeceamento de Diaby.
Ainda se festejava nas bancadas de Alvalade o golo de Diaby quando Raphinha surgiu em velocidade, entrou na área e voltou a bater Ricardo Ferreira. Um minuto e oito segundos separaram os dois golos que davam tranquilidade ao Sporting para o resto do jogo e ambos tiveram um denominador comum: Bruno Fernandes, pois claro. O capitão do Sporting bateu o canto do qual surgiu o 1-0 e depois fez um passe fantástico para o brasileiro aumentar a contagem.
Era uma ótima vantagem para os leões afugentarem os fantasmas e atirarem-se para uma exibição segura e, quem sabe, demolidora como aquelas que marcaram o início da era Keizer no clube. Só que saiu tudo ao contrário. Os jogadores do Portimonense arregaçaram as mangas e foram à procura da baliza de Renan Ribeiro e até ao intervalo a defesa sportinguista passou por um autêntico sofrimento.
Paulinho assumiu as rédeas da partida e, em estreita colaboração com Aylton Boa Morte e Lucas Fernandes, começaram a construir jogadas atrás de jogadas, explorando diagonais das faixas para o meio. Os laterais leoninos e Tiago Ilori iam facilitando e em muitos lances foi valendo Mathieu, um autêntico pronto-socorro da defesa, e também Renan Ribeiro, em última instância.
Mas o problema era só a defesa da equipa de Keizer? Não, claro que não. O problema era a má colocação e a falta de agressividade da equipa no momento defensivo quando era preciso tirar a bola aos jogadores algarvios, que se davam ao luxo de tocar a bola em progressão, sempre em busca de um companheiro que aparecia no espaço deixado em aberto pela equipa do Sporting.
O golo de Paulinho surge num desses lances em que, após uma perda de bola de Gudelj quando tentava sair a jogar, a bola foi conduzida pelo brasileiro que tabelou com Aylton Boa Morte e surgiu frente a Renan Ribeiro. Só teve de colocar a bola e reduzir a diferença no marcador.
Nas bancadas o ambiente gelou e o Sporting passou por momentos complicados até nas saídas para o ataque, onde se acumularam as más decisões, que o diga Diaby, que perdeu mais uma excelente oportunidade criada por Bruno Fernandes. Nos instantes finais da primeira parte, Renan por duas vezes na mesma jogada evitou o empate e depois foi a barra que impediu o 2-2, na sequência de um remate fortíssimo de Lucas Fernandes.
O intervalo foi como que um balão de oxigénio para os leões, que podiam recarregar baterias e afinar a estratégia para o segundo tempo, onde se previa que o Portimonense voltasse com tudo para chegar ao empate.
E a verdade é que o Sporting surgiu bem melhor, sobretudo porque a sua linha média já pressionava melhor os jogadores algarvios, quando estes saíam para o contra-ataque. O equilíbrio da equipa leonino fez baixar o ritmo da partida, até porque o adversário deixou de ter tantos espaços para explorar. A consequência foi a diminuição da emotividade do jogo, mas o certo é que isso interessava sobretudo ao Sporting que estava em vantagem no marcador.
O problema é que na bancada os adeptos queriam mais e quando aos 59 minutos viram Marcel Keizer tirar Bas Dost para colocar Luiz Phelyppe ecoaram alguns assobios para o treinador holandês.
Sem grande fulgor, os leões dispuseram algumas oportunidades para aumentar a vantagem, sempre a partir dos pés e da inteligência de Bruno Fernandes, que acabou por arrumar com a questão já muito perto do minuto 90 quando sofreu um penálti, que ele próprio converteu no 3-1. Os sportinguistas puderam finalmente suspirar de alívio.
Não podia ser outro. Duas assistências suas deram dois golos em pouco mais de um minuto e marcou o golo da ordem, de penálti, que o coloca como o médio do Sporting que mais golos marcou numa só época. São já 23 remates certeiros, tendo deixado para trás António Oliveira (1981/82). O jogo do Sporting vive sobretudo da inteligência de Bruno Fernandes, cuja capacidade de inventar passes para os companheiros é algo que encanta quem gosta de futebol.
VEJA O RESUMO DA PARTIDA
FICHA DO JOGO
Estádio José Alvalade, em Lisboa (24 907 espectadores)
Árbitro: João Capela (Lisboa)
Sporting: Renan Ribeiro; Ristovski, Tiago Ilori, Mathieu, Acuña; Gudelj, Wendel (Francisco Geraldes, 89'), Bruno Fernandes; Raphinha (Idrissa Doumbia, 72'), Bas Dost (Luiz Phellype, 59'), Diaby
Treinador: Marcel Keizer
Portimonense: Ricardo Ferreira; Vítor Tormena (Paulinho Bóia, 71'), Lucas Possignolo, Jadson (Rúben Fernandes, 36'), Henrique; Paulinho, Pedro Sá, Lucas Fernandes; Aylton Boa Morte, Wellington, Bruno Tabata (Ruster Santos, 81')
Treinador: António Folha
Cartão amarelo a Wendel (28'), Luiz Phellype (77'), Henrique (84'), Francisco Geraldes (90'+4)
Golos: 1-0, Diaby (10'); 2-0, Raphinha (11'); 2-1, Paulinho (31'), 3-1, Bruno Fernandes (90' gp)
O FILME DA PARTIDA