Máscaras nas escolas: o silêncio ensurdecedor
Em tempo de guerra pouco se fala (e bem) de covid, mas há um silêncio ensurdecedor que urge interromper: a obrigatoriedade das máscaras nas escolas. Ao não conformismo no tema junta-se a indignação da indignidade das recentes declarações da Dra. Graça Freitas. A diretora-geral da Saúde, Dra. Graça Freitas, há poucos dias afirmou, pasme-se, que há quem defenda que os processos de aprendizagem não são alterados e que "as crianças estão habituadas e, portanto, vamos com calma vendo de facto os riscos". Imagine-se que esta argumentação seria aplicada por um juiz em casos de maus-tratos - afinal, a vítima estava habituada. Pois é ultrajante dizer isso, tal como dá vergonha alheia as declarações deste teor, ainda para mais em funções públicas.
Neste momento, mais do que resolver as ofensas é, no entanto, importante resolver a situação. E, neste caso, resolver é acabar com a restrição. Relembremos que continua em vigor a norma da DGS sobre o uso de máscara nas escolas que indica como obrigatório para alunos a partir do 2.º ciclo e "recomendado" para os do 1.º ciclo.
Todas as políticas têm de ser ponderadas nos seus custos e benefícios. A preocupação com o desenvolvimento cognitivo e motor tem estado ausente do discurso dos governantes. As carências nas aprendizagens já são um dado adquirido nas crianças, a incapacidade de leitura dos rostos implica perda de competências sociais e de competências como a empatia. Os professores denunciam dificuldades crescentes de relacionamento, problemas de desenvolvimento na fala e um sem-número de consequências que em anos de formação de personalidade e desenvolvimento, aquisição ao nível psicomotor e social vão deixar efeitos irreversíveis. Portugal tem, em comparação, com outros países europeus, medidas bastante restritivas : mais tempo de escolas fechadas, critérios mais amplos de obrigatoriedade de uso de máscaras e mais tempo de uso ininterrupto de máscaras. Vários estudos apontam para os efeitos adversos do uso prolongado de máscara e, neste contexto, podemos salientar a fadiga, maior dificuldade em concentração e ansiedade. O impacto na saúde mental é também inegável.
Com tudo isto, pode dizer-se que face às crianças, a quem devemos em primeira instância proteger, o governo e a sociedade estão a falhar.
A Iniciativa Liberal tem sido o partido com voz ativa neste tema. E não nos podemos conformar. As crianças podem não ter voz pública, mas têm os pais e a sociedade para defender os seus interesses. A máscara tapa a boca e o sorriso, mas não pode tapar também os outros sentidos, nem o bom senso. Fica mais um grito de alerta neste silêncio ensurdecedor: termine-se com a obrigatoriedade do uso das máscaras nas escolas.
Deputada eleita pela Iniciativa Liberal