Marvel e Netflix baralham e voltam a dar com Os Defensores

Juntam-se quatro heróis de outras tantas séries e Sigourney Weaver como vilã de charme e temos <em>Marvel - Os Defensores</em>. Segundo a produção, é a série de TV mais ambiciosa de sempre. A estreia mundial é hoje
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"É tarde demais para heróis", atira para Luke Cage um jovem que perdeu o irmão. Talvez seja, mas a resposta será dada nos restantes sete episódios de Marvel - Os Defensores, e também pela reação dos espetadores da Netflix, que a partir de hoje podem assistir, de enfiada, à totalidade da série constituída por oito episódios.

Em bom rigor, Luke Cage não é um herói, é antes um super-herói - e um dos primeiros negros. Na altura em que foi criado pela Marvel, em 1972, tinha direito a nome de guerra, Power Man (ou Poderoso, como foi traduzido no Brasil). Ex-criminoso das ruas do Harlem, preso e condenado por engano, é submetido a uma experiência genética, na qual ganha poderes sobre-humanos. Interpretado por Mike Colter, no início de Os Defensores vemo-lo a sair da prisão e a querer ajudar a comunidade. Irá fazê-lo - sem revelarmos nada que não se adivinhe - em conjunto com Jessica Jones (a atriz Krysten Ritter), Matt Murdock (Charlie Cox) e Danny Rand (Finn Jones). Todos eles super-heróis cujas séries foram produzidas pela Marvel e que pertencem ao universo da Netflix.

"Creio que Os Defensores são o projeto de televisão mais ambicioso até hoje", diz o diretor da unidade de TV da Marvel, Joseph Loeb, em declarações à própria Netflix. "De facto propusemos fazer algo que nunca foi feito na história da televisão. Desde o início, começámos e comprometemo-nos com quatro séries separadas, sem sabermos se alguma delas iria resultar. A ideia era, após completarmos cada uma delas, pegarmos nos atores e juntá-los numa história na qual pudessem interagir e atacarem um problema comum, sem sabermos se algum deles não se revelaria apropriado para aqueles papéis. Foi uma viagem extraordinária."

Além dos poderes com que foram brindados graças à radioatividade ou a modificações genéticas (a explicação base para as personagens do universo da banda desenhada de Stan Lee), há um elemento em comum ao advogado Matt Murdock (Demolidor nas horas fora do expediente, e com a atividade em suspenso no início da trama), e a detetive privada Jessica Jones: Nova Iorque. O milionário lutador de artes marciais Danny Rand (Punho de Ferro) está pelo Camboja até ser informado de que a organização que combate está na cidade que nunca dorme - e é para aí que ruma. "Sempre dissemos que Nova Iorque é o quinto Defensor e que a cidade em si mesma é uma personagem da série, e uma personagem importante. No final da jornada há uma batalha para salvar Nova Iorque", diz Joseph Loeb.

Sigourney Weaver em casa

O perigo tem um nome, a milionária Alexandra, interpretada por Sigourney Weaver. "Gostei de muitos aspetos desta experiência. Em primeiro lugar, estivemos a rodar um pouco por toda a cidade em que cresci e acho que captámos a vida real de Nova Iorque. Fomos a bairros maravilhosos como Red Hook, Greenpoint e o Bronx. E gostei do facto de que é tudo sobre o que acontece em Nova Iorque, tanto o bom quanto o mau. As personagens são verdadeiramente nova-iorquinas e estou muito orgulhosa em fazer parte disto, porque também sou nova-iorquina", comenta a atriz por três vezes nomeada para o Óscar.

Sem roupas nem adereços espampanantes, nem poderes sobrenaturais - aliás, Alexandra luta pela vida -, Sigourney Weaver brilha por si. As recensões aos primeiros quatro episódios batem quase todos nas mesmas teclas: o desempenho positivo da mulher que imortalizou a tenente Ripley da saga Alien e os problemas de ritmo da série. Há quem, entre a crítica, se queixe de demasiado (e desinspirado) diálogo, o que é um facto no episódio inicial. Mas essa característica justifica-se para contextualizar o espectador, em especial quem não seguiu as outras séries da Marvel ou para quem não está familiarizado com este universo ficcional.

Ainda do lado menos conseguido está a personagem Danny Rand/Punho de Ferro e o respetivo desempenho de Finn Jones. Pegando nas palavras de Maureen Ryan, da Variety, "Punho de Ferro continua a ser o calcanhar de Aquiles do império Marvel-Netflix. Jones não tem a presença nem o talento para criar interesse nos dilemas de Rand, mas as escolhas estúpidas da personagem tornam ainda mais difícil preocuparmo-nos com qualquer coisa que ele tente. (...) É entediante ouvi-lo falar sobre seu chi, e é semicómico quando entoa a frase "Eu sou o Punho de Ferro imortal"." Os Defensores, conclui, têm no entanto "alguma consciência sobre o quão Danny pode ser irritante, e uma parte da comédia que envolve a personagem é intencional". O problema é a outra parte.

Uma coisa é certa: no cinema ou na TV, os super-heróis não nos largam.

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