Marlon Brando através dos sons da sua intimidade

Um dos títulos do último Sundance, <em>Listen to Me Marlon</em>, devolve-nos o ator de <em>O Padrinho</em> e <em>Apocalypse Now</em> através de registos sonoros inéditos.
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A capacidade do documentário cinematográfico expor elementos da intimidade (seja de quem for) está, hoje em dia, contaminada pela obscenidade normativa de dois tipos de discurso: a linguagem televisiva, quando promove a ideia pueril segundo a qual colocar um microfone à frente de alguém envolve uma automática "revelação", e a imprensa cor-de-rosa, com o seu rol de eventos mais ou menos "sexuais", inevitavelmente "escandalosos".

O mínimo que se poderá dizer de um filme como Listen to Me Marlon, realizado pelo britânico Stevan Riley, é que o seu projeto envolve algo bem diferente. Ou seja, quando o trailer começa por anunciar um "Marlon Brando nas suas próprias palavras", a informação é para ser tomada à letra: ao longo de muitos anos, o ator americano (falecido em 2004, contava 80 anos) foi conservando o seu próprio arquivo sonoro - conversas caseiras, reuniões de trabalho, sessões de terapia, entrevistas, etc. -, apresentando-se o filme como uma montagem de materiais inéditos desse arquivo, pontuados por imagens fotográficas, reportagens e extratos de filmes.

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